O tema da nossa conversa hoje é a certeza da salvação. Eu me lembro, quando ainda era garoto, que alguém me perguntou:
“Você tem certeza da sua salvação?” Eu respondi: “Sim.” Ele então me olhou e perguntou: “Como é que você sabe que é salvo?”
Eu falei: “Eu sei. Não sei como é que eu sei.” Então ele me perguntou: “Alguma vez Jesus apareceu para você e disse: ‘Meu filho, você está garantido, Eu te assegurei com o Meu sangue’?”
Eu falei: “Não, nunca vi Jesus.” Ele continuou: “Algum anjo já trouxe para você uma cópia autenticada do Livro da Vida, dizendo: ‘Aqui está o número de protocolo, apresenta na entrada’?”
Eu falei: “Também não.” Ele perguntou: “Alguma vez você viu o céu?”
Falei: “Não.” – “Alguma vez um anjo anunciou seu nome dizendo que você foi salvo?” Eu respondi: “Não, nunca vi nem ouvi nada assim.”
Ele me olhou e perguntou: “Então como é que você sabe que é salvo?” E a resposta que eu dei, aos 15 anos, foi: “Eu sei porque sei, porque sei.”
Talvez eu devesse ter acrescentado a essa afirmação: “Como é que sei, não sei.” Talvez devesse ter dito: “Eu simplesmente sei que sei”, porque eu sabia que era salvo, só não sabia explicar como.
Foi nesse dia que essa pessoa me chamou a atenção para Romanos 8.16, que diz: “O próprio Espírito”, referindo-se ao Espírito Santo, mencionado dois versículos antes como o Espírito de Deus, “O próprio Espírito testifica ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”
Outras traduções mais antigas dizem que o Espírito testifica com o nosso espírito. O verbo “testificar” significa “testemunhar”, e aqui temos algo fundamental.
Todo crente tem um testemunho interior que lhe dá segurança quanto ao seu destino. Chamamos isso de “certeza de salvação.”
Na aula anterior, discutimos a perda da salvação. Perguntamos: Salvação se perde? Como uma possibilidade, risco potencial ou probabilidade?
Sim, isso não significa, obviamente, que Deus queira que isso aconteça. Pelo contrário, toda advertência nos é dada justamente para que possamos garantir que isso não ocorra.
E quando reconhecemos que existe, de fato, a possibilidade de perda da salvação, isso não quer dizer que vamos viver com medo constante, acordando todos os dias com receio de termos perdido a salvação.
Por exemplo, eu sei que meu casamento pode, em teoria, acabar. Mas isso não significa que, só porque há esse risco e uma probabilidade estatística, vou deixar acontecer.
Exatamente porque sei que existe esse risco, já há quase 28 anos, zelo para que isso nunca ocorra. Não acordo todos os dias com medo do fim do casamento, mas acordo determinado a fazê-lo funcionar.
Não deixarei que chegue a uma zona de risco. Da mesma forma, não vejo razão para criticar tanto o ensino sobre perda de salvação, pois o objetivo não é fazer as pessoas viverem com medo constante, mas sim que cuidem e protejam o que lhes foi confiado.
Dito isso, já mencionamos em aulas anteriores que a salvação é um processo, e se você ainda não assistiu à aula sobre os tempos da salvação, essa fundamentação foi explicada lá.
Ao mostrarmos que a salvação é um processo, vemos que ele envolve não só começo, meio e fim — passado, presente e futuro — mas também que há a parte de Deus e a nossa.
A continuidade não significa apenas que Deus ainda não fez tudo; significa que nós precisamos corresponder ao que Ele já fez, ao que Ele está fazendo e ao que ainda fará.
Portanto, ao falarmos do processo, não apenas há uma parte do processo ainda inacabada do lado de Deus, como também existe a nossa parte a ser cumprida.
Levando isso em consideração, Filipenses 2.12 diz que devemos desenvolver a nossa salvação com temor e tremor.
Se o desenvolvimento da nossa salvação é real e exige nossa participação, o que implica negligenciá-lo? Significa falhar em desenvolver esse processo.
Precisamos reconhecer esse processo e nossa responsabilidade. Muitos textos falam de uma salvação ainda inacabada, de um projeto em andamento.
Por exemplo, em Colossenses 1, dos versos 21 a 23, Paulo diz: “E a vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento, pelas vossas más obras, agora, contudo, vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, irrepreensíveis e inculpáveis”.
Aqui a conversão é clara. “No passado, vocês eram estranhos e inimigos no entendimento pelas más obras, mas agora foram reconciliados para se apresentar santos, inculpáveis e irrepreensíveis.”
Indiscutível que houve conversão. Mas olhe o verso 23: “Se, de fato, permanecerdes fundados e firmes na fé, sem vos apartar da esperança do evangelho que ouvistes, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, do qual eu, Paulo, fui feito ministro.”
Se não fosse possível afastar-se da esperança do Evangelho, por que Paulo tocaria no assunto? Se não houvesse risco, por que diria “se, de fato, permanecerdes firmes na fé?”
Assim, sabemos que a salvação é um processo, mas que ele pode ser interrompido, e muitos textos apontam para uma salvação ainda não concluída.
Em 1 Timóteo 4.16, Paulo diz a seu discípulo, um líder responsável por estabelecer outros pastores: “Fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo quanto aos que te ouvem.” Como é que salvarás a ti mesmo?
Timóteo não era salvo? Ao ensinarmos sobre os processos, destacamos, em primeiro lugar, que a salvação é um processo. Podemos observar que existe um aspecto inicial, que é a conversão. Há também uma santificação progressiva, que vai além da santificação inicial da conversão, ou seja, o desenvolvimento da salvação. Além disso, há um processo de santificação final, que é a glorificação do corpo, algo que só acontecerá na volta de Cristo. Quando Paulo diz “salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”, não significa que ele não tivesse alcançado nenhum nível de salvação, mas que seguia avançando em direção ao que ainda estava por vir.
Ao considerarmos, por exemplo, Tiago capítulo 1, especialmente o versículo 21, a Escritura diz: “Portanto, deixem toda impureza e excesso de maldade, e acolham com mansidão a palavra implantada em vocês, a qual tem poder para salvá-los.” No original, lê-se: “a qual é poderosa para salvar as vossas almas.” Esse texto fala sobre a salvação como algo que ainda vai acontecer. A questão é: essas pessoas não tinham nenhuma experiência de salvação? Claro que tinham. No versículo 18, um pouco antes, ele diz às mesmas pessoas: “Pois, de acordo com a sua vontade, Ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias de suas criaturas.” Portanto, se foram gerados pela palavra da verdade e já passaram pelo novo nascimento, não podemos afirmar que não estavam experimentando a salvação. No entanto, a mesma palavra que os gerou agora deve ser acolhida, e isso com mansidão. Ou seja, a salvação deve ser permitida a se expandir. Ele está dizendo: “a qual é poderosa para salvar as vossas almas.”
Em 1 Tessalonicenses 5:23, lemos: “e o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados íntegros e irrepreensíveis para a vinda do Senhor Jesus.” O nosso espírito é regenerado na conversão, no momento do novo nascimento, o primeiro ponto da salvação. É no espírito que tudo começa. Assim, o aspecto passado dos processos de salvação envolve a intervenção de Deus em nosso espírito. O futuro, por sua vez, está relacionado ao nosso corpo. Em Romanos 8:23, lemos que estamos aguardando a redenção do corpo. Portanto, entre o passado (espírito regenerado) e o futuro (corpo glorificado), qual é o foco da salvação no presente? É a salvação da alma: a transformação do comportamento, a renovação da mente e das emoções, a mudança de valores. A nova natureza implantada em nosso espírito influencia nossa maneira de pensar, sentir e agir. Em suma, a salvação é um processo.
Portanto, ao falarmos sobre perda de salvação, estamos nos referindo a um processo interrompido. Quando falamos sobre certeza de salvação, estamos tratando de um processo cuja continuidade está sendo garantida, com uma determinação de levá-lo até o fim. Em 2 Pedro, capítulo 1, encontramos declarações que claramente indicam uma salvação ainda incompleta. Nos versos 10 e 11, lemos: “Por isso, irmãos, esforcem-se ainda mais para confirmar a sua vocação e eleição; pois, fazendo isso, jamais tropeçarão.” Confirmar a eleição não é garantir, mas sim fazer nossa parte neste processo. É evitar desperdiçar ou interromper o processo. Ele diz: “fazendo isso, jamais tropeçarão.” E por que alguém poderia tropeçar na fé? No versículo 11, lemos: “Pois desta maneira será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”
Se para entrar no Reino de Deus é necessário nascer de novo, já não nascemos de novo? Sim, entramos no início do processo, mas, para vivermos a salvação de forma completa, é preciso que o processo seja finalizado. Portanto, ao olharmos para as Escrituras, isso é inquestionável. Quando dizemos que a salvação é pela graça, por meio da fé, devemos entender que a graça não age sozinha. Por exemplo, em 2 Pedro 3:18, lemos: “Cresçam na graça e no conhecimento,” um imperativo. Se a graça agisse de forma unilateral, poderia crescer sozinha em relação a mim. Eu não teria a opção de escolher crescer em relação a ela. Em 2 Timóteo 2:1, Paulo diz ao seu discípulo: “Fortifica-te na graça,” novamente um imperativo. Mas se a graça age sozinha, ela me fortaleceria apenas quando quisesse. Como, então, eu poderia escolher me fortalecer nela, ou mesmo ser instruído a fazê-lo, se a graça fosse unilateral?
Na segunda carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 6, verso 1, ele diz: “Exorto vocês, como cooperadores de Deus.” A palavra “cooperadores” no grego é “sunergeo,” que significa sinergia, trabalho conjunto. Ele está dizendo que devemos colaborar com Deus. Portanto, como cooperadores, Paulo diz: “Eu os exorto a não receberem a graça de Deus em vão.” Se a graça fosse irresistível e agisse sozinha, como seria possível recebê-la em vão? Mas, se a graça requer cooperação da nossa parte e não fizermos nossa parte, o processo será afetado.
Em Gálatas 2:21, o apóstolo Paulo afirma: “Eu não anulo a graça de Deus.” Se a graça não pudesse ser anulada, por que Paulo diria isso? Ele se vangloriaria de algo impossível? Isso seria como alguém afirmar hoje: “Eu não mato Deus.” Se Deus não pode ser morto, qual seria o sentido dessa afirmação? Quando Paulo diz que não anula a graça, é porque isso é possível. Requer nossa cooperação, e se não houver interação, o processo não continua.
Em Hebreus, capítulo 12, verso 15, após dizer: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,” a Bíblia nos alerta: “Cuidem para que ninguém se prive da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura brote para causar perturbação.” Se a Bíblia nos manda cuidar para não nos privarmos da graça, isso significa que ela não age sozinha. Do contrário, seria a própria graça se privando de nós.
Então, quando discutimos a certeza ou a perda da salvação, a questão não é sobre a parte de Deus. A Bíblia afirma que Ele é fiel, mesmo quando não somos. Ele jamais nos sabotará. Aquele que começou a boa obra, da parte dEle, providenciará tudo o que precisamos para que essa obra continue. A perda de salvação ocorre quando nós mesmos nos sabotamos, quando deixamos de cooperar com Deus, conforme já mencionado em aulas anteriores.
Para finalizar, além dos exemplos bíblicos, temos advertências como a de Jesus em Lucas 17:32: “Lembrem-se da mulher de Ló.” Aqui, Jesus está nos advertindo sobre alguém a quem foi dito: “Não olhe para trás,” mas que, ao longo do caminho, desobedeceu. Por que Jesus nos manda lembrar disso? Ele quer que entendamos que esse exemplo também se aplica a nós: não podemos olhar para trás e comprometer a salvação que nos está sendo oferecida.
Dito isso, vamos enfatizar mais as certezas do que as incertezas. Em Hebreus 6, a salvação é apresentada como um processo, destacando as duas possibilidades. Em segundo lugar, quero enfatizar o que a Bíblia chama de “a âncora da alma.” Para nós, brasileiros, que pouco usamos embarcações, essa palavra “âncora” pode não ter tanto significado, mas Hebreus 6:16-20 diz: “As pessoas juram por algo superior a elas, e o juramento põe fim a toda discussão. Da mesma forma, Deus, querendo mostrar com mais clareza aos herdeiros da promessa a imutabilidade de Seu propósito, confirmou-o com um juramento…”
Temos essa esperança como âncora da alma, segura e firme, que adentra o santuário, atrás do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
O texto fala dos juramentos de Deus. Ele quis demonstrar, de maneira mais clara, aos herdeiros da promessa que Seu propósito é imutável. Por isso, fez um juramento para confirmar. Deus deseja nos transmitir segurança, e a ideia principal é que o que Ele prometeu jamais será revogado. Ele não nos sabotará em relação a isso. Porém, nós precisamos entender que, de certa forma, Deus quer nos trazer um forte alento para aqueles que já correram para o refúgio.
Quero destacar algumas expressões, como “refúgio” e “âncora da alma”, que aparece no verso 19. Há muitos anos, fiz uma viagem com a família enquanto pregávamos no norte do Brasil, mais precisamente no Pará, na região de Santarém. Nesse período de ministração, tivemos a oportunidade de realizar um pequeno passeio com o objetivo de conhecer novas frentes de trabalho. Fizemos um passeio de barco pelos ribeirinhos que durou dois dias, e durante esse trajeto, passamos pelo rio Arapiuns, de águas cristalinas, consideradas das mais límpidas do mundo. Foi uma experiência incrível, mas lembro-me que, ao final de uma tarde, alguém comentou: “Precisamos encontrar um refúgio”. Intrigado, perguntei: “O que aconteceu?” e me responderam: “Uma chuva forte está vindo, precisamos de um abrigo”. Eles encontraram uma pequena ilha fluvial e escolheram o local adequado para ancorar. Depois de achar o refúgio, o foco era lançar as âncoras de modo que o barco não fosse balançado pela tempestade. Naquele momento, achei que havia muita preocupação para pouca ameaça. Porém, durante a noite, enquanto dormíamos nas redes, comecei a sentir o vento balançando o barco e as redes. Um vento tão forte que nos fazia sentir frio, o que é incomum naquela região, especialmente em uma época quente. Foi então que compreendi o cuidado que tiveram ao escolher o refúgio e lançar as âncoras, para que a tempestade não nos levasse à deriva.
Para quem estava familiarizado com essa linguagem, a ilustração de Paulo é perfeita. Ele fala que podemos correr para um refúgio, um lugar de alento, onde podemos nos apropriar da esperança que nos foi dada. Ou seja, essa esperança não será frustrada e se torna a âncora da alma, segura e firme. E onde está essa âncora? A Bíblia afirma que ela adentra o santuário, atrás do véu, onde Jesus entrou por nós. Em outras palavras, a obra que Ele realizou nos garante segurança. Isso significa que nossa fé não precisa estar em risco.
O dicionário Michaelis define âncora como “um dispositivo de ferro ou aço, preso a uma embarcação por um cabo ou corrente, lançado nas águas para mantê-la fixa em determinado lugar, por meio de ganchos que se cravam no fundo”. Precisamos entender que Deus nos oferece consolo e refúgio, seja para os ventos das tribulações. Em Atos 14.22, os apóstolos encorajavam os discípulos, dizendo que “por meio de muitas tribulações nos importa herdar o reino de Deus”. Paulo, em Romanos 8.18, declara que “os sofrimentos do tempo presente não se comparam com a glória que há de ser revelada”. Em 2 Coríntios 4.17, ele também afirma que “a leve e momentânea tribulação não se compara ao peso de glória que nos espera”.
Deus constantemente nos direciona àquilo que está por vir, e isso deve ter mais peso emocional que os momentos difíceis que enfrentamos. Refúgio para as tempestades e pressões que desafiam nossa fé. A Bíblia fala não só de consolo, mas também de uma esperança viva, como descrito em 1 Pedro 1.3-5, Colossenses 1.5 e Tito 2.13. Em Romanos 8.24, Paulo diz que “na esperança fomos salvos”, e em Romanos 15.13, destaca que “o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no crer”. Em 1 Coríntios 13.12, Paulo menciona três virtudes: fé, esperança e amor, ressaltando que fé e esperança, embora diferentes, caminham juntas. A fé diz respeito ao presente, enquanto a esperança se refere ao futuro.
A âncora da alma está segura além do véu, onde Cristo entrou por nós. Isso nos dá certeza de salvação. A primeira fonte dessa certeza são as declarações bíblicas, como em 1 João 5.13: “Escrevi estas coisas para que saibais que tendes a vida eterna”. Sabemos que a salvação é um processo contínuo, mas mesmo não concluído, se não nos sabotarmos, Deus garantirá sua continuidade. Podemos descansar nessa verdade: se não desistirmos da fé, nada poderá nos separar de Deus.
Em João 10.28, Jesus afirma: “Eu lhes dou a vida eterna, e ninguém as arrebatará da minha mão”. E em Romanos 8.35-39, Paulo declara que nenhuma criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus. Não há força externa capaz de nos afastar de Seu amor.
Os ataques de Satanás são sempre para nos tentar decepcionar com Deus, para nos fazer desistir e abandonar Sua presença. Porém, se mantivermos uma postura firme, sem comprometer nossa fé, sem confundir as coisas, sem sermos enganados como a esposa de Jó, que foi levada a ponto de dizer: “Amaldiçoa teu Deus e morre”, por estar aborrecida com tudo o que havia acontecido, o que isso significa?
Isso demonstra que estamos, de fato, protegidos pelo amor de Deus, e com plena consciência, sem nos sabotarmos, não sairemos dessa posição. Outra questão importante ao falarmos da segurança do crente está relacionada a um texto que mencionei no início. Em Romanos 8:14, a Bíblia diz: “Os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Precisamos compreender o que é essa direção do Espírito Santo. O Espírito Santo nos foi dado com um propósito muito claro. A Palavra de Deus, em Efésios 1, afirma que quando você e eu ouvimos a palavra da verdade e cremos, o versículo 12 termina com a expressão “em Cristo”. O versículo 13 inicia com “Nele”, ou seja, em Cristo: “Nele também, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da salvação, e nele também crestes, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.”
O que significa “selados com o Espírito Santo da promessa”? O versículo 14 explica: “O Espírito é o penhor”, e penhor significa “garantia”. “O Espírito é o penhor da nossa herança, até o resgate da propriedade de Deus, para o louvor da Sua glória.” Esse não é o único texto que fala sobre isso. Em 2 Coríntios 1:21-22, a Bíblia diz: “Ora, é Deus que nos fortalece, juntamente com vocês, em Cristo, e nos ungiu, pondo o Seu selo sobre nós e nos dando o penhor do Espírito em nossos corações.” Novamente, a palavra aqui fala de uma garantia. Efésios 4:30 ainda nos adverte: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.”
Particularmente, não acredito que o selo seja uma única experiência. Ele está relacionado a um relacionamento. “Não entristeçais o Espírito Santo.” O Espírito Santo nos foi dado para garantir a continuidade daquilo que foi iniciado, para nos auxiliar em todo o processo. Jesus disse: “Não vos deixarei órfãos, enviarei o Consolador”, e, entre outras coisas, Ele confirma não apenas o início da salvação, mas também nos ajuda a desenvolvê-la.
Quando a Bíblia fala sobre ser guiado pelo Espírito, é nesse contexto que, em Romanos 8:16, lemos: “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.” Esse testemunho interior, o testemunho do Espírito Santo, é, de fato, um dos principais elementos quando o assunto é a certeza da salvação. De tempos em tempos, algumas pessoas me perguntam: “Pastor, e se eu não tenho certeza da minha salvação?” Ou você precisa de uma orientação bíblica mais clara, como esta, que te ajude a obter essa certeza, ou você precisa de uma experiência com Deus, e não deveria carregar essa incerteza. Você deveria resolver esse problema buscando a Deus, dizendo: “Senhor, eu me arrependo, reconheço minha condição de pecador, creio no sacrifício substitutivo de Cristo, e entendo que isso não depende de nenhum mérito meu, mas é uma expressão da graça, recebida pela fé. Clamo para que o Espírito Santo, que vem com a proclamação da Palavra, me leve a esse lugar de certeza e convicção.”
Não há outro caminho além das afirmações bíblicas nas quais confiamos. Precisamos do testemunho do Espírito Santo. Eu gosto de algumas declarações da Palavra de Deus que se somam a todas essas que temos discutido e que produzem em nós esse entendimento. Por exemplo, 1 João 4:13 diz: “Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, porque nos deu o Seu Espírito.” É por isso que Paulo diz em Romanos 8:9: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”, porque quem é dele recebeu o Espírito. E ao reconhecermos a presença do Espírito Santo em nós e Sua ação, inclusive Seu testemunho, temos elementos e fundamentos para afirmar: o processo iniciado, ainda que não concluído, está em pleno andamento e não está sendo sabotado.
Portanto, afirmar a verdade bíblica de que existe a possibilidade de perda da salvação não significa que vamos sucumbir a ela. Podemos vencer essa possibilidade com plena esperança, certeza e convicção de que a salvação está em pleno desenvolvimento. Não precisamos acordar todas as manhãs preocupados se a salvação se perdeu da noite para o dia. Podemos fortalecer essa convicção de fé, enchendo-nos cada vez mais da Palavra de Deus, pois é por meio dela que a fé é gerada. Podemos confirmar nossa eleição, como diz a Escritura, respondendo a Deus e frutificando, e temos a responsabilidade de fazer isso. No entanto, devemos entender que, embora ninguém esteja em uma posição de completa segurança, como se dissesse: “Ah, posso viver de qualquer maneira, sem preocupações”, também não significa que devemos acordar todos os dias temendo: “Será que perdi a salvação de ontem para hoje?” A salvação não se perde como uma moeda em um bolso furado. Isso é fruto de uma negligência contínua e progressiva, que podemos evitar por meio das advertências e ensinos da Palavra de Deus.
Minha oração é que tudo o que você ouviu nesta aula não apenas te forneça conhecimento bíblico e fundamentos para sua fé, mas também te dê subsídios práticos para viver a vida cristã conforme Deus espera. Que o Senhor te abençoe ricamente e te fortaleça cada vez mais na fé.