A conversa do crente com Deus

A oração é a conversa do crente com Deus. Em essência, orar é simplesmente comunicar-se com Ele. Assim como Deus nos fala por meio das Escrituras, nós nos dirigimos a Ele através da oração.

Dessa forma, a oração se torna uma parte essencial do nosso relacionamento com o Senhor. Baseados nos méritos de Cristo, temos a oportunidade de cultivar uma vida de comunhão com Deus. O verdadeiro cristão reconhece que a oração deve ser uma prática contínua ao longo de sua vida.

Desde o início até o fim, a Bíblia ressalta a prática e a relevância da oração. Nos primeiros capítulos do Gênesis, encontramos a menção de como o Senhor começou a ser invocado na linhagem de Sete (Gênesis 4:26). Esse padrão se mantém ao longo de toda a narrativa bíblica, culminando no último livro, onde lemos que as orações dos santos sobem como incenso diante do trono de Deus (Apocalipse 5:8; 8:3,4).

A Bíblia não estabelece regras sobre uma postura física específica a ser adotada durante a oração. Nos tempos bíblicos, a maioria das orações era feita em pé (cf. 1 Samuel 1:26), mas em algumas situações as pessoas também oravam ajoelhadas, prostradas ou com as mãos estendidas e levantadas (cf. 1 Reis 8:22-54; 18:42; Salmos 63:4; Isaías 1:15; Daniel 6:10).

Embora a Bíblia não enfatize a regulamentação de uma postura física para a oração, ela sublinha a importância do espírito correto ao orar. A oração deve ser feita, acima de tudo, com fé. Já que orar é comunicar-se com Deus, é essencial que quem ora tenha fé e confiança Nele (Jeremias 29:12-14; Hebreus 3:12; 11:6; Tiago 1:5-8; 5:15).

Uma oração verdadeira também deve estar livre de hipocrisia e orgulho. Na realidade, a oração autêntica a Deus exige humildade, sinceridade, consciência do pecado e uma compreensão da grandeza e santidade de Deus. A Parábola do Fariseu e do Publicano aborda exatamente essa questão (Lucas 18:9-14).

Além disso, a Bíblia nos ensina que a oração deve ser fervorosa e perseverante (Lucas 11:5-13; 18:1-8). Através da oração, podemos resistir às tentações malignas e às inclinações pecaminosas da carne. Jesus nos ensina que, por meio da oração, devemos pedir ao Pai para que não caiamos em tentação (Mateus 6:4).

Finalmente, não devemos orar a Deus confiando em nossas próprias qualidades, mas sim nos méritos de Cristo. Por essa razão, o Novo Testamento nos instrui a fazer nossas orações em nome de Jesus Cristo (João 14:13,14; 15:16; 16:23,24).

No Antigo Testamento, encontramos diversos exemplos de indivíduos que se dedicaram à oração. Os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó eram conhecidos por sua prática constante de oração (cf. Gênesis 18:22,23; 20:17; 25:21; 32:9-12). Moisés também frequentemente dirigia suas orações a Deus (Êxodo 32:31; cf. Números 14:13-19, entre outros). Seu sucessor, Josué, tinha plena consciência da eficácia da oração (cf. Josué 10:12-15).

Cada um dos profetas da Bíblia traz referências claras sobre a oração. O profeta Elias, por exemplo, é um dos mais destacados nesse contexto (1 Reis 18:36-38). Tiago menciona Elias em sua epístola no Novo Testamento, ressaltando sua vida de oração. Entre os profetas que escreveram, Isaías e Jeremias também eram pessoas dedicadas à oração. O livro do profeta Habacuque, por sua vez, é essencialmente um valioso registro de suas conversas com Deus (Habacuque 2:1-2; 3:2,16).

Outro personagem bíblico que se dedicava regularmente à oração e à adoração era Jó (Jó 1:5). Nos livros de Salmos e Provérbios, podemos aprender muito sobre como nos relacionar com Deus por meio da oração (Salmos 6:9; 61:1; 66:19; 102:1,17; Provérbios 15:8,29; 28:9, entre outros). O livro de Salmos, de fato, contém a maior coletânea de orações da Bíblia, incluindo louvores, súplicas, intercessões, confissões, orações de lamentação e agradecimentos.

Durante o período do exílio e após ele, também encontramos exemplos de pessoas que estavam envolvidas em oração (Esdras 9:5-15; Neemias 1:5-11; 9:10; Daniel 9:3-19, entre outros). No Novo Testamento, Jesus se destaca como o maior exemplo de oração. Sua vida na terra foi, sem dúvida, marcada pela oração (Lucas 3:21,22; 6:12; 9:18-28; 21:37; 22:40-44). Ele se preocupou em ensinar seus discípulos sobre a oração e, até mesmo na cruz, Ele orou ao Pai (Mateus 6:9-13; Lucas 23:34).

A Bíblia nos ensina que, por meio da oração, podemos: adorar a Deus, agradecer-Lhe por tudo e render-Lhe louvores; trazer a Ele nossas ansiedades e preocupações; confessar nossos pecados e buscar o perdão; expressar nossa devoção; e implorar por Suas bênçãos e auxílio, tanto para nós quanto para os outros.

Assim, podemos classificar a oração em diversas formas, como: oração de louvor e adoração; oração de agradecimento; oração de súplica e intercessão; e oração de confissão e arrependimento pelos pecados. A oração do Pai Nosso, por exemplo, combina adoração, petição e confissão (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4). Todas essas características mostram que, ao orar, conversamos com Deus sobre Ele mesmo, sobre nós e sobre as pessoas que habitam o mundo.

A oração pode ser realizada individualmente, ou seja, de maneira privada. Existem vários exemplos na Bíblia de pessoas que oravam a Deus em particular. O profeta Daniel, por exemplo, costumava orar em seu quarto três vezes ao dia (Daniel 6:10). O Senhor Jesus também se retirava para orar em segredo, frequentemente indo ao deserto para esse propósito (Lucas 5:16). Ele, inclusive, orienta seus seguidores a orar a Deus de forma pessoal (Mateus 6:6).

Entretanto, a oração também pode ser realizada coletivamente, ou seja, em grupo. O livro de Atos relata como os crentes da igreja primitiva se reuniam para elevar suas vozes em oração a Deus (Atos 4:24). Além disso, Jesus afirmou que onde estivessem dois ou três reunidos em Seu nome, Ele estaria presente entre eles (Mateus 18:19,20). Tudo isso ressalta a importância da oração.

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