Espero que o que estou dizendo chegue até o fim. Quero começar com uma provocação:
por que interceder quando podemos simplesmente condenar? E por que condenar quando
podemos interceder? A escolha deste dia é entre viver em uma postura de condenação em
relação aos outros, à sociedade e à nação, ou escolher interceder pela igreja, por nós
mesmos, pelos outros e pela nação. A provocação é clara: por que interceder quando
podemos condenar as pessoas? O cristão, por outro lado, se questiona: por que condenar
quando podemos interceder?
Vamos estabelecer algumas regras para nos entendermos. Cada um ensina à sua maneira,
e nós vamos criar uma relação de amizade e fraternidade. Desde o início, quero ressaltar
que não me incomodaria se, enquanto estou falando, alguém levantar a mão e me disser
claramente: “Não entendi nada”, pois o problema pode não ser seu, mas sim meu. Este é
um ambiente de aprendizado, e meu método de ensino provoca perguntas porque acredito
que todos que estão em um estudo bíblico devem se considerar pessoas inteligentes, com
experiência de vida para contribuir também para o aprendizado. Não sou do tipo de
pregador que acredita que toda a sabedoria está de um lado, enquanto os outros são vazios
e só precisam ser preenchidos.
Às vezes, isso exige compromissos de ambas as partes: usar um linguagem simples, clara,
talvez até fazer uma piada em dialeto (embora meu dialeto não seja siciliano), mas também
precisamos estar dispostos a não achar que todos devem falar ou ensinar da mesma
maneira. Vocês provavelmente estão acostumados com outros pregadores, e esta noite
provavelmente será uma nova voz, então precisamos nos ajustar. Meu principal objetivo
como comunicador é me fazer entender; se eu não for entendido, é como se eu tivesse
perdido o tempo de todos. A responsabilidade por isso não está apenas do lado de quem
ouve, ela pode ser minha também. Precisamos colaborar.
Durante o estudo, vou fazer algumas perguntas, e não tenham medo de compartilhar seus
pensamentos, porque na escola de Deus aprendemos participando. Talvez não faremos
muitas perguntas hoje, mas quero ilustrar um ponto: as pessoas lembram de cerca de 15%
do que ouvem, talvez 25%, mas se associamos o que ouvimos com o que vemos, nossa
retenção sobe para 50%. Portanto, é possível que, se alguém prestar atenção e tentar
conectar o que ouvir com o que está vendo, consiga reter 50% do que será dito. No entanto,
se houver diálogo, e vocês participarem ativamente, não para demonstrar o quanto sabem,
mas para aprender, a probabilidade de assimilação sobe para 75% ou mais. E, se por acaso
eu der algo para fazer durante a lição, vocês não serão apenas ouvintes, mas
co-participantes. Então, vamos falar sobre intercessão. Toda vez que discutimos qualquer
assunto, seja em estudo ou análise, a interação é essencial.
Antes de tudo, precisamos definir os termos que vamos utilizar. É importante que estejamos
falando a mesma linguagem, para que, se dissermos “branco”, todos compreendam como
“branco”, e se dissermos “preto”, todos vejam como “preto”. Seria um desastre se, por
exemplo, vocês estivessem na mesma situação que eu estou agora, com uma visão um
pouco confusa, pois só um dos meus olhos foi operado e o outro ainda está em processo de
recuperação. Eu vejo muito bem com o olho esquerdo, mas o direito ainda está um pouco
atrasado, então, por vezes, minha visão fica turva. Por isso, é importante que eu evite dirigir.
O mesmo vale quando falamos sobre qualquer tema: é fundamental que, antes de qualquer
discussão, tanto quem fala quanto quem escuta cheguem a um acordo sobre os termos que
estamos utilizando. O que queremos dizer quando usamos palavras como “intercessão”,
“interceder” ou “intercessor”? Essa é uma operação que devemos sempre realizar, mesmo
quando estamos apenas no púlpito, durante os cultos de domingo. Precisamos nos
assegurar de que todos estejam na mesma sintonia.
Imaginem que somos como uma rádio. Se a frequência que estamos ouvindo é 90, e vocês
estão sintonizados em 95, não conseguiremos nos comunicar, porque a mensagem estará
chegando na frequência 90, enquanto vocês estão em 95, e o som não será claro. Devemos
chegar ao mesmo nível de entendimento, e isso só será possível se formos claros com as
palavras que usamos. Por isso, é importante que tanto vocês quanto eu concordemos sobre
o significado de “interceder”, “intercessão” e “intercessor”. Se para vocês essas palavras
significam algo diferente, eu acabarei perdendo tempo.
É como se eu começasse a falar em grego (não que eu saiba, mas posso ler) ou em
hebraico, e quem não estudou essas línguas não entenderia nada, seria “tudo grego” para
essas pessoas. Portanto, precisamos definir o conteúdo e a essência dessas palavras,
neste caso, “intercessão”. Vamos abordar as três palavras: “interceder”, “intercessão” e
“intercessor”.
A palavra “interceder” é composta por duas partes. Vamos entender o que a Bíblia diz sobre
intercessão, mas, antes disso, precisamos entender o que essas palavras significam no
nosso contexto. “Interceder” é uma palavra composta: “inter”, que significa “entre” ou “no
meio”, e “cedere”, que vem do latim e significa “ir, andar, passar, aproximar-se”. Então,
“interceder” significa “colocar-se entre duas coisas” ou “entrar no meio de algo”. Vamos usar
um exemplo prático: imagine duas pessoas, Rosa e Elia, que têm um desentendimento. Se
Giuseppe decidir se colocar entre elas, ele estará intercedendo. Ele se coloca no meio para
tentar fazer as duas partes chegarem a um acordo, mediando a situação. O “intercessor” é
a pessoa que se coloca entre duas entidades para defender, explicar, mediar ou até
conciliar.
Quando parliamos sobre “intercedere”, nos referimos a um processo de mediação.
Interceder é uma ação ativa, onde uma pessoa se coloca entre duas ou mais pessoas que
estão em conflito ou distantes, com o objetivo de promover um entendimento ou resolução.
A figura do intercessor é alguém que tem o papel de remover barreiras, sejam elas
emocionais, sociais ou até espirituais, entre aqueles que precisam de ajuda para se
reconciliar. No caso que exemplificamos, Giuseppe, ao se colocar entre Rosa e Elia, não só
ocupa um espaço físico entre as partes, mas também desempenha um papel crucial de
mediador. Ele tem a responsabilidade de derrubar qualquer muro invisível que separa essas
duas pessoas, permitindo que elas se vejam, se compreendam e, ao final, possam até
mesmo se abraçar.
Quando alguém intercede, isso nunca deve ser visto como uma perda de tempo. Pelo
contrário, a intercessão é um verdadeiro e profundo ato de intervenção. Podemos
compará-la a uma cirurgia, onde o objetivo é remover um obstáculo, algo que impede o
fluxo normal das relações ou da comunicação. Assim como um cirurgião usa seu
conhecimento e habilidade para remover uma obstrução física e restaurar a saúde, o
intercessor usa suas habilidades e sua posição para remover obstáculos nas relações entre
as pessoas.
No contexto da intercessão, como Jesus explicou em suas palavras sobre a oração, não se
trata de usar palavras em excesso ou de orações vazias. A oração deve ter um propósito
claro, uma intenção de alcançar algo, e isso se aplica também à intercessão. A verdadeira
intercessão não é uma mera formalidade, mas sim uma ação estratégica, voltada para a
resolução de conflitos e para a construção de pontes entre as partes.
A palavra “intercessão” vem do latim e tem o significado de “intervir”, “oposição a algo”. Ela
também implica a capacidade de intervir com autoridade. Portanto, o intercessor é alguém
que, com base nesse poder de intervenção, pode se opor a uma decisão ou situação
desfavorável, ajudar a reconciliar pessoas, oferecer garantias e buscar a paz. Muitas vezes,
o papel do intercessor é fazer com que as partes envolvidas cheguem a um acordo, que
possam dialogar, sem que o conflito se intensifique.
É como quando alguém diz, “Deixa que eu falo com ele”, ou “Eu vou resolver isso”. É uma
expressão comum quando alguém se coloca como mediador, com a intenção de acalmar os
ânimos e resolver uma situação difícil. Pode ser uma situação em que alguém está
amedrontado, inseguro, ou até com raiva, e a presença de uma terceira pessoa, alguém
com autoridade ou apenas com a capacidade de ouvir, pode ser o suficiente para pacificar o
ambiente. Em outras palavras, muitas vezes a presença de uma pessoa neutra, que se
coloca entre as partes, pode ter um grande poder de reconciliar e trazer a calma.
No entanto, o que mais nos interessa neste momento é entender o uso bíblico da
intercessão. A Bíblia nos oferece uma compreensão clara e profunda sobre o que significa
interceder e como essa prática deve ser entendida dentro da vida cristã. Não estamos
lidando apenas com um conceito comum de “interceder”, mas com um mandamento divino.
A intercessão, como ensinada nas escrituras, é algo que agrada a Deus e é fundamental
para o cumprimento de Sua vontade.
Em 1 Timóteo, capítulo 2, o apóstolo Paulo aborda a importância da oração e da
intercessão, diferenciando essas práticas de outras formas de comunicação com Deus. Ele
nos orienta a orar pelas autoridades, pelos governantes, e a fazer súplicas e intercessões
por todos os homens, para que possamos viver em paz e tranquilidade. Aqui, Paulo não só
nos exorta a orar, mas também a interceder com um propósito claro: para que a paz e a
harmonia prevaleçam entre as pessoas, e para que possamos viver uma vida de devoção e
dignidade diante de Deus.
No contexto bíblico, interceder não é uma tarefa opcional, mas uma obrigação. O
intercessor, segundo a Bíblia, é aquele que se coloca entre Deus e os outros, levando as
necessidades e os anseios das pessoas a Deus, mas também levando as mensagens de
Deus para as pessoas. A intercessão é um ministério, uma vocação que exige
compromisso, dedicação e, acima de tudo, humildade. O intercessor não age em nome
próprio, mas em nome de Deus e em favor daqueles por quem intercede.
É importante entender que interceder, conforme a Bíblia, não se trata de uma simples
oração vaga ou sem direção. A intercessão envolve uma oração com intenção, uma oração
que busca resultados concretos. Ela deve ser específica, dirigida a uma causa ou situação,
e não deve ser feita de maneira superficial. O intercessor, como mediador, deve estar
disposto a se envolver profundamente na situação e a interceder com sinceridade e fé,
confiando que Deus ouvirá e atenderá suas orações.
De fato, a Bíblia também nos ensina que Jesus Cristo é o nosso maior intercessor. Ele se
colocou entre nós e Deus, sacrificando Sua própria vida para restaurar a nossa relação com
o Pai. Como intercessor perfeito, Jesus nos ensina como devemos agir em intercessão:
com amor, com fé, e com um coração disposto a sacrificar-se pelo bem dos outros.
Outro aspecto importante da intercessão bíblica é que ela é feita com autoridade. Quando
intercedemos, não estamos apenas pedindo algo a Deus, mas também estamos assumindo
um papel ativo e poderoso. A intercessão não é uma forma de oração passiva, mas uma
ação dinâmica, que busca transformar realidades e mudar situações. O intercessor,
portanto, deve estar ciente de sua autoridade em Cristo e de seu papel como mediador
entre as partes.
Ao longo da Bíblia, vemos muitos exemplos de pessoas que exerceram esse ministério de
intercessão, como Moisés, Samuel, Daniel, e muitos outros. Eles intercederam pelo povo de
Israel, muitas vezes em momentos de crise, buscando a misericórdia de Deus para
restaurar a nação. Esses exemplos nos ensinam que a intercessão é uma prática contínua,
uma disciplina que deve ser cultivada ao longo da vida cristã.
Por fim, a intercessão é uma forma de amor em ação. Quando intercedemos por alguém,
estamos demonstrando compaixão, empatia e cuidado. Estamos colocando as
necessidades dos outros à frente das nossas, e pedindo a Deus que intervenha em suas
vidas. Esse ato de amor é algo que agrada a Deus, e Ele promete ouvir as orações dos
intercessores.
A intercessão, portanto, não deve ser vista apenas como uma prática religiosa, mas como
uma maneira de viver e agir no mundo. Como cristãos, somos chamados a ser
intercessores, a mediar entre as pessoas e Deus, a orar pelas necessidades dos outros e
buscar a paz e a reconciliação. Quando intercedemos, estamos fazendo a obra de Deus na
Terra, e isso é um privilégio e uma responsabilidade que devemos levar a sério.
Agora que entendemos a importância da intercessão e o que ela realmente significa na
prática cristã, podemos aplicar essa prática em nossas vidas diárias, sabendo que estamos
cumprindo uma missão que agrada a Deus e que traz transformação e cura para o mundo
ao nosso redor.
Eu me empenharia em responder, intervir, fazer o que é certo, porque é um direito que você
me pediu. Quando intercedemos, na verdade, estamos nos colocando em uma posição de
autoridade espiritual, mas com o coração voltado para a justiça divina. Não se trata de uma
oração genérica ou superficial, mas de uma ação bem ponderada que se baseia em uma
promessa feita por Deus.
Portanto, a intercessão não é um ato de pura súplica ou qualquer tipo de pedido, mas uma
verdadeira instância legítima, como se fôssemos advogados espirituais diante do tribunal
celestial. Quando entramos nesse papel, devemos estar cientes do peso e da seriedade do
que estamos fazendo, porque não apenas pedimos por nós mesmos, mas nos colocamos
como mediadores entre Deus e as pessoas ou as situações que necessitam de Sua
misericórdia e justiça.
Na prática, quando nos interponhamos em uma causa através da intercessão, é como se
tivéssemos uma posição jurídica válida para pedir que Deus intervenha de forma poderosa
e direta. Por exemplo, quando oramos por uma pessoa que está doente ou que está
passando por um período de dificuldades, não fazemos isso com medo de sermos
ignorados ou rejeitados, mas com a certeza de que Deus estabeleceu um direito espiritual
de intervir quando pedimos, porque Ele é justo e fiel às Suas promessas.
Essa consciência deveria nos dar uma grande confiança. Se sabemos que Deus colocou à
nossa disposição um direito tão poderoso através da intercessão, devemos nos aproximar
d’Ele com essa mesma confiança e não tratá-lo como uma formalidade ou um ato mecânico.
Nossa fé e nosso coração devem estar totalmente envolvidos nesse processo, como se
soubéssemos que um benefício jurídico nos foi garantido por uma lei eterna.
Quando São Paulo nos fala de orações, súplicas, ações e instâncias, ele nos convida a
entender que a intercessão é um ato que vai além do simples pedido: é uma petição com
fundamento legal e uma motivação sólida que se baseia nas promessas de Deus. É como
apresentar uma causa diante de um tribunal, onde nossas orações não são vazias, mas se
baseiam na verdade e na justiça divina. E se sabemos que o que pedimos está de acordo
com a Sua vontade, nossa intercessão tem força e autoridade.
Na prática, o intercessor é aquele que, de certa forma, representa o outro diante de Deus,
mas com uma relação muito mais profunda. Ele não é apenas um intermediário que pede
em nome de alguém, mas assume o fardo da necessidade do outro, o leva diante de Deus
e, em alguns casos, se identifica com aquela pessoa na sua necessidade. Em outras
palavras, o intercessor não apenas pede pelo outro, mas se torna um com a situação e com
a causa que está representando.
Imagine uma situação em que alguém é acusado de algo que não fez, e um advogado se
apresenta para defendê-lo. O advogado não se limita a dizer “este é o meu cliente, ele
precisa de um processo justo”, mas entra no mérito da causa, apresenta argumentos,
provas, e usa todo o seu conhecimento da lei para convencer o juiz da verdade do caso. Da
mesma forma, o intercessor diante de Deus não é passivo, mas está ativamente envolvido
em apresentar a causa com fervor, convicto da justiça e da verdade de seus pedidos.
Além disso, a intercessão não é apenas um ato de pedido, mas também uma declaração de
direitos. Como eu disse antes, é como fazer uma instância, o que pressupõe que exista um
direito ao qual se pode recorrer. E esse direito que podemos reivindicar não é um direito
humano ou terreno, mas um direito estabelecido pelo próprio Deus. Quando nos
aproximamos de Deus em oração, intercedendo por alguém ou por algo, estamos fazendo
um apelo a uma lei espiritual que é superior a qualquer outra, uma lei que garante o
socorro, a salvação e a misericórdia divina.
Por exemplo, quando oramos pela cura de uma pessoa, não fazemos isso como quem pede
um favor ou um presente, mas como quem faz apelo à promessa de Deus de curar e
restaurar a saúde. De certa forma, somos chamados a “lembrar” a Deus de Suas
promessas, como fez Moisés quando intercedeu pelo povo de Israel durante sua jornada no
deserto. Moisés lembrou a Deus da Sua aliança com o povo e do Seu compromisso com
eles. Da mesma forma, nós, ao interceder, podemos lembrar a Deus o que Ele disse em
Sua palavra, pois Sua palavra é verdadeira e infalível.
Outro aspecto fundamental da intercessão é que ela não diz respeito apenas às coisas
materiais ou temporais, mas se estende também à dimensão espiritual e eterna. Quando
intercedemos, estamos também lutando contra as forças espirituais malignas que tentam
obstruir a obra de Deus na vida das pessoas. São Paulo, em Efésios 6, fala da luta
espiritual e da necessidade de vestir a armadura de Deus. A intercessão é uma parte
fundamental dessa luta, na qual nos opomos às forças do mal e pedimos a Deus que
intervenha com poder.
Nesse sentido, a intercessão não é apenas uma oração que tenta resolver um problema
temporal, mas uma oração que se torna voz de justiça, verdade e libertação para aqueles
que estão sendo oprimidos por forças espirituais. Quando intercedemos por alguém que
está sob o domínio de forças espirituais negativas, estamos lutando pela sua liberdade. Por
isso, a oração de intercessão é tão poderosa: porque não só pedimos a Deus para agir no
coração das pessoas, mas também nos opomos às forças que tentam afastá-las da Sua
vontade.
Por fim, lembremos que a intercessão tem um impacto eterno. Cada vez que intercedemos,
não só mudamos as circunstâncias imediatas, mas também abrimos portas para que o
plano de Deus se cumpra a longo prazo. Deus usa nossas orações de intercessão para
completar Sua obra na vida dos outros, para preparar o coração deles para a salvação, para
libertar e para curar. Nossas orações nunca são em vão, mas fazem parte de um grande
plano que Deus tem para cada pessoa pela qual intercedemos.
Em conclusão, a intercessão é uma ação poderosa, que envolve não apenas a oração, mas
também nossa autoridade espiritual e nosso direito diante de Deus. É uma prática que deve
ser feita com grande consciência e com a certeza de que Deus responderá, porque o que
pedimos não é um pedido qualquer, mas uma petição baseada nas Suas promessas e na
justiça divina. Como intercessores, somos chamados a levar as causas dos outros diante de
Deus
A “chiesa dos livros” é quando algo acontece e alguém age ou faz algo porque outra pessoa
falhou em alcançar o objetivo, saiu do rumo ou não atingiu a meta. Alguém então se
interpõe entre as partes para corrigir a situação. O conceito de “errar o alvo”, ou “pecado”
como a Bíblia descreve, é exatamente isso: falhar em atingir o objetivo. Quando digo “errar
o alvo”, imagine que eu tento acertar a campainha, mas como não vejo bem, o tiro vai para
outro lugar. Muitos dos nossos esforços acabam sendo falhos, fora do alvo. Na Bíblia, isso é
chamado de pecado, falhar diante de Deus.
Antes de interceder por alguém que errou, precisamos fazer uma introspecção profunda
para garantir que não estamos na mesma situação, senão outra pessoa terá que se interpor
entre nós e Deus. A Bíblia é um livro maravilhoso, mas não é simples formar uma rede de
intercessão. Às vezes, nossas orações são ineficazes, sem valor, e muitas vezes a oração
parece ser mais uma formalidade do que um ato de verdadeira gratidão ou ajuda. Mas
quando intercedemos, entramos em um campo de batalha espiritual para trazer bênçãos e
bem para a vida de outras pessoas.
Não se pode se tornar intercessor da noite para o dia. Eu consultei a internet e vi que há
quem seja contra a ideia de intercessão. Mas, na Bíblia, vemos que Paulo fala da
importância da intercessão, e isso já é suficiente para entender seu valor. Interceder, de
acordo com a Bíblia, significa agir em sintonia com Deus, com sua palavra, com o objetivo
que Ele estabeleceu. É como quando alguém faz um grande erro e uma terceira pessoa
intervém para consertar a situação. Isso acontece em vários níveis: entre a igreja e Deus,
entre líderes e pessoas. Às vezes, isso exige um grande sacrifício, como ir atrás das peças
quebradas, como se fosse um elefante que entra em uma loja de cristais e faz estragos.
A vida de algumas pessoas ou até de uma nação pode ser destruída por erros, mas se
levarmos a sério o ministério de intercessão, podemos corrigir isso, ajudando a restaurar a
harmonia e a paz.
Precisamos estar atentos à oração feita neste lugar antes que seja tarde demais. Eu tenho
que dizer algo essencial sobre a intercessão antes de terminar. Não se trata de uma função
individualista; eu posso orar por todo o mundo a partir da minha casa, isso não é um
problema. Porém, estamos falando de algo diferente esta noite. Se não tivermos essa
distinção clara, é como confundir batatas com laranjas — ambas são boas, mas uma é
batata e a outra é laranja.
Devemos entender bem isso, e se por acaso não houver tempo para aprofundar esse
assunto, saibam desde agora: a intercessão é um chamado, é uma convocação para o povo
de Deus se reunir na igreja de Deus. Isso não é uma convicção pessoal, como veremos em
breve, com o terceiro ponto que queremos apresentar sobre o ministério de intercessão,
que vem do livro de Joel. Eu incentivo todos vocês a lerem esse livrinho de quatro páginas
quando chegarem em casa, com seus familiares ou amigos. Sentem-se ao redor da mesa
ou em qualquer lugar confortável e leiam juntos. Eu vou ler uma parte do livro de Joel aqui,
porque precisamos entender esse conceito com clareza.
Se o que eu estou propondo não for bíblico, então vocês estão apenas perdendo tempo. Se
o que eu digo não for bíblico, eu estarei enganando vocês. Temos a responsabilidade de
garantir que tudo o que oferecemos ao povo de Deus esteja de acordo com a Palavra de
Deus. Vou dar um exemplo, que talvez vocês já tenham ouvido, de alguém muito mais
famoso que eu, alguém com 2.000 anos de história nas costas, enquanto eu tenho apenas
- Esse alguém usou o livro de Joel para legitimar um fenômeno espiritual. Lembram-se do
Dia de Pentecostes? Quando as pessoas viram os discípulos e disseram que estavam
bêbados, Pedro se levantou e respondeu: “Não, não estão bêbados, como vocês pensam,
pois ainda é muito cedo.” E ele continuou, citando o que o profeta Joel havia dito.
Isso é importante porque o que fazemos e propomos no reino de Deus, na igreja do Senhor,
deve garantir que estamos seguindo a vontade de Deus. “Isso é o que foi dito pelo profeta
Joel”, e eu estou propondo um ministério de intercessão que segue exatamente essa linha
de pensamento, conforme disse São Pedro. Este é o caminho que nós seguimos, e a
intercessão está lá, mesmo que a palavra “intercessão” não apareça explicitamente no livro
de Joel. O conceito de intercessão está claramente ilustrado ali.
Joel diz: “E acontecerá que, nos últimos dias, derramarei o meu Espírito sobre toda carne;
os vossos filhos e filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, e os vossos jovens
terão visões; até sobre os servos e as servas derramarei o meu Espírito, e farei prodígios e
sinais nos céus…” Essas promessas extraordinárias são fundamentais. Há um resgate
maravilhoso na ação do Espírito Santo, e isso apaga as distinções sociais, alcançando até
os escravos. É uma grande promessa do poder do Espírito Santo, que traz uma
transformação profunda em todos os níveis sociais.
o livro de Joel nos traz uma lição profunda sobre a intercessão, um tema que deve ser
compreendido não apenas a nível individual, mas especialmente como uma
responsabilidade comunitária. Inicialmente, Joel descreve uma situação de desolação, uma
terra devastada, sem trigo, sem vinho, sem recursos — uma imagem de seca e falta. Esse
cenário de desespero pode parecer desanimador, mas Joel nos convida, apesar de tudo, a
voltar para Deus com todo o nosso coração. Não apenas com gestos exteriores, mas com
um coração genuinamente arrependido, em um retorno profundo e sincero a Deus. Ele diz:
“Voltem para mim com todo o coração, com jejum, pranto e lamento; rasguem o coração, e
não as vestes.”
Esse chamado ao arrependimento não diz respeito apenas aos indivíduos, mas é um
convite para toda a comunidade. Quando se fala de intercessão, Joel enfatiza o aspecto
coletivo. A comunidade deve responder ao chamado de Deus: “Toquem a trombeta em
Sião, proclamem jejum, convoquem uma assembleia solene.” Isso não é um ato individual,
mas um movimento de toda a comunidade, onde cada pessoa, independentemente da
idade, é envolvida no arrependimento e na oração pela mudança das circunstâncias.
Mesmo em momentos de desespero, como os descritos por Joel, Deus é misericordioso e
pronto para perdoar, se o seu povo se humilhar e voltar a Ele. Essa mensagem nos
encoraja a entender que a intercessão não é apenas um ato de oração por nós mesmos,
mas um ministério que diz respeito a todo o corpo de Cristo. A intercessão comunitária,
onde todos são chamados a participar, tem um poder extraordinário de mudar as
circunstâncias, porque Deus responde à fé e à unidade do povo.
Isso nos chama a não viver a fé de maneira isolada. O individualismo, que muitas vezes
prevalece no cristianismo moderno, nos leva a construir uma fé feita sob medida para nós
mesmos, sem considerar a importância de sermos uma comunidade de crentes que
intercede pelos outros. Se compreendêssemos o poder de uma comunidade unida em
oração, como descrito por Joel, veríamos milagres acontecerem.
Não precisamos nos sentir perfeitos ou puros para interceder. Pelo contrário, quanto mais
intercedemos, mais Deus nos aproxima d’Ele e nos santifica. A intercessão é um ato que
nos transforma, nos purifica e nos faz participantes da obra de Deus. Deus escolheu que
seres humanos possam interceder por outros seres humanos, e essa é uma
responsabilidade extraordinária que devemos levar a sério. A comunidade de crentes que
ora junta, que intercede junta, é uma comunidade poderosa. Não importa se não nos
sentimos à altura; o importante é nos colocarmos à disposição de Deus, sabendo que a
oração coletiva é o meio pelo qual Deus opera de maneira milagrosa. Que nosso empenho
na intercessão possa trazer frutos que transformem não apenas nossas vidas, mas também
nossa comunidade e nosso mundo.