A oração que Deus responde é aquela que está alinhada com a Sua vontade e que segue os princípios ensinados na Palavra. É verdade que eu e você podemos alcançar algumas coisas de Deus ao nos posicionarmos corretamente em oração. Tiago nos alerta que muitas pessoas não alcançam porque simplesmente não pedem, enquanto outras pedem, mas de forma errada. Ou seja, estão fazendo a coisa certa de maneira errada.
Por outro lado, a Bíblia nos ensina que, ao fazer a coisa certa do jeito certo, podemos experimentar a ação de Deus em nossas vidas e ver o sobrenatural se manifestar. Um exemplo disso está no Salmo 69, onde Davi afirma: “O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração.” Aqui, ele não está apenas reconhecendo a soberania de Deus, mas destacando que Deus respondeu ao seu clamor específico.
No Evangelho de João, encontramos promessas incríveis relacionadas à oração. Em João 14:13-14, Jesus declara: “E tudo o que vocês pedirem em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirem alguma coisa em meu nome, eu o farei.” Essa garantia nos motiva a buscar a Deus com confiança.
Ainda em João 16:23-24, Jesus reforça: “Se pedirem ao Pai alguma coisa em meu nome, ele lhes concederá. Até agora vocês não pediram nada em meu nome; peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa.” Aqui, percebemos que Deus não apenas realiza Sua vontade, mas responde às nossas petições alinhadas com o Seu propósito.
No entanto, precisamos entender que a oração eficaz não é apenas sobre pedir; é também sobre a vontade de Deus. A Escritura revela uma relação inegável entre oração e a vontade divina. Não podemos separar essas duas coisas. Quando nossas orações estão em harmonia com a vontade de Deus, estamos na posição ideal para ver a Sua mão agir em nossas vidas.
Portanto, orar corretamente é buscar a vontade de Deus, alinhar nossos desejos com o que Ele deseja realizar e confiar que Ele responde conforme o Seu propósito perfeito.
Em Mateus 6:10, na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina não apenas uma fórmula de oração, mas um modelo. Ele nos orienta a orar dizendo: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade.” Isso nos leva à pergunta: a vontade de Deus se cumpre na terra sem oração? Por que Ele nos instrui a orar para que a Sua vontade seja feita, se isso pudesse acontecer sem nossa intercessão? Pessoalmente, acredito que existe uma conexão real entre orar e a manifestação do poder de Deus.
Além disso, não podemos ignorar o fato de que orar alinhado com a vontade de Deus é uma garantia de resposta. Como está escrito em 1 João 5:14-15: “Essa é a confiança que temos para com Ele: se pedimos alguma coisa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve; e se sabemos que Ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que Lhe fizemos.” Ou seja, quando oramos de acordo com a vontade de Deus, Ele nos ouve, e sabemos que receberemos o que pedimos.
Portanto, a oração feita de acordo com a vontade de Deus é um tiro certeiro. Mas como saber qual é a vontade de Deus ao orar? Primeiramente, devemos nos basear naquilo que Deus já revelou nas Escrituras. Em segundo lugar, podemos também lidar com questões mais específicas e personalizadas que não estão explicitamente nas Escrituras, mas que o Espírito Santo nos revela no momento de oração.
Eu me lembro de uma situação em que minha esposa, Kel, estava grávida de nosso primeiro filho, Israel. Durante meu tempo de oração, o Espírito Santo me revelou que eu deveria orar e jejuar, pois enfrentaria uma grande batalha no momento do parto. Segui essa orientação, jejuando e orando durante seis dias consecutivos. No sexto dia, senti um testemunho de vitória dentro de mim, que foi o sinal de que minha oração havia sido atendida. No dia do parto, houve complicações, e os médicos disseram que meu filho só sobreviveu por um milagre, algo que eles não conseguiram explicar.
A experiência me ensinou a importância da oração, especialmente em momentos de grande necessidade. Precisamos orar porque, através da oração, buscamos a vontade de Deus, nos alinhamos com ela e vemos o poder de Deus se manifestar de maneira sobrenatural.
Deus já tinha o plano de realizar o milagre, mas por que me pediu para orar? Primeiro, precisamos entender que, muitas vezes, até para cumprir o que Ele já deseja fazer, Ele nos chama a cooperar com Ele por meio da oração. Quando oramos alinhados com a vontade de Deus, temos a certeza de que Ele nos ouve e, se Ele nos ouve, podemos ter a certeza de que receberemos o que pedimos.
Além do que está claramente revelado nas Escrituras, a única maneira de termos certeza da vontade de Deus é quando o Espírito Santo nos dá uma direção mais específica e clara. Mas, além disso, há algo que sempre falo aqui: oração não é apenas o meio pelo qual conseguimos de Deus o que queremos. Isso é parte da oração, mas não a totalidade, pois a oração também deve ser o meio pelo qual Deus consegue de nós o que Ele quer. A oração precisa criar em nós um ambiente de rendição e submissão à vontade de Deus.
Em Mateus 26:39, vemos Jesus orando no Getsêmani. O livro de Hebreus interpreta o que aconteceu ali, dizendo que Ele ofereceu orações e súplicas com grande clamor e lágrimas, pedindo a Deus para livrá-Lo da morte. Em sua oração, Jesus expressa, “Se for possível, passe de mim esse cálice”, onde o “cálice” simboliza o sofrimento. Ele basicamente pede a Deus: se houver outro caminho que evite a crucificação, que seja feito, mas, ao final, diz: “Não seja feita a minha, mas a Sua vontade.” A oração sempre nos deve conduzir ao ponto de submeter a nossa vontade à vontade de Deus.
Se nossa vontade entra em conflito com a Dele, devemos nos submeter à Sua vontade. Isso nos leva a perceber que há uma forte relação entre oração e a vontade de Deus. As expressões de pedir à vontade de Deus não são informativas, mas sim um posicionamento de reconhecer que Ele já revelou a Sua vontade na palavra, e nossa oração é um ato de submeter-nos a ela.
Compreender essa conexão entre oração e a vontade de Deus é essencial. Não apenas porque Ele não vai responder orações que estão fora de Sua vontade, mas também porque, na Bíblia, existem orações que foram ignoradas porque não estavam de acordo com o que Ele havia planejado.
Um exemplo disso pode ser visto em 2 Samuel, Capítulo 12. Após Davi cometer o pecado de adultério com Bate-Seba e assassinar Urias, o profeta Natã é enviado por Deus para confrontá-lo. Natã expõe e denuncia o pecado de Davi, anunciando o juízo divino e as consequências dos seus atos, incluindo a morte da criança gerada nessa relação pecaminosa. Quando a criança adoece gravemente, Davi se prostra por sete dias, jejuando e clamando a misericórdia de Deus. Contudo, a condição da criança não melhora, pois Deus já havia revelado Sua vontade: o pecado de Davi geraria o juízo, e ele colheria o que havia semeado. Embora Davi tenha experimentado momentos de resposta a oração em outros momentos, como vemos no Salmo 69, neste caso, a situação não muda, pois a vontade de Deus já estava estabelecida.
Se afastando de um exemplo específico, vamos considerar um princípio mais amplo. Em Provérbios 28:9, é dito que “quem desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Isso significa que alguém que vive em desobediência deliberada à Palavra de Deus, quebrando Seus mandamentos, não terá sua oração atendida, e, de acordo com a Bíblia, essa oração será abominável a Deus. Isso evidencia que, enquanto nossas orações têm grande poder dentro da vontade de Deus, orações fora dessa vontade não serão atendidas.
Por outro lado, a Escritura também deixa claro que, sem as nossas orações, a vontade de Deus não se executará completamente. Quando oramos, como em Mateus 6, “Seja feita a sua vontade”, estamos participando no cumprimento dessa vontade. Então, por que Deus nos chama a orar para que Sua vontade se cumpra? Isso não é apenas em Mateus 6, mas em outras passagens também. Por exemplo, em 1 Timóteo 2, no início do capítulo, o apóstolo Paulo diz: “Antes de tudo”—isso significa que não há nada mais importante.
Aqui, o ponto central é a prioridade da oração; ela vem antes de todas as outras coisas. O apóstolo Paulo diz que devemos orar, fazer súplicas, intercessões e ações de graças por todos os homens. A pergunta então surge: por que Deus quer que oremos por todos? Ele continua, inspirado pelo Espírito, instruindo a orar pelos reis e governantes. Isso não é apenas um privilégio, mas uma responsabilidade da Igreja: orar pelos líderes. O texto esclarece que, ao orarmos, poderemos viver uma vida tranquila e respeitosa. Ou seja, Deus deseja que tenhamos uma vida pacífica, mas isso só acontecerá se orarmos, pois a oração abre espaço para que Deus realize Sua vontade.
O versículo 3 diz que essa prática é boa e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, e o versículo 4 revela que Deus deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Se a vontade de Deus é salvar todos, por que precisamos orar? A Bíblia nos mostra que, sem oração, a vontade de Deus não se realizará. Por outro lado, orações fora da vontade de Deus também não serão atendidas. Existe uma combinação entre oração e vontade divina que é única e poderosa.
Por que, então, a oração é tão essencial? Para responder, precisamos adotar uma visão mais ampla e olhar para as Escrituras. O propósito de Deus com o homem e a terra começa no início da criação. Quando questionaram Jesus sobre o divórcio e o casamento, Ele nos remeteu ao princípio, dizendo que Deus fez o homem e a mulher e instituiu o casamento. Isso nos ensina que, ao voltar às origens, conseguimos entender melhor o propósito de Deus para nossas vidas.
Quando falamos sobre isso, ao olhar para a criação em Gênesis, no capítulo 1, vemos qual foi a declaração de Deus a respeito do homem. Em Gênesis 1:26, Deus diz: “façamos o ser humano à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio…” E no versículo 27, a Bíblia afirma: “Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou.” No versículo 28, Deus os abençoa e os instrui a serem fecundos, se multiplicarem, encherem a terra e a sujeitarem-na. Ele também lhes dá domínio sobre os peixes do mar, as aves do céu e sobre todos os animais que rastejam pela terra.
O Salmo 8, nos versos 4 a 8, faz referência a esse mesmo episódio, dizendo: “Que é o homem para que dele te lembres, e o filho do homem para que o visites? Fizeste-o um pouco menor do que Deus, e de glória e honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos, e sob seus pés tudo puseste. Ovelhas, bois, todos os animais do campo, as aves do céu, os peixes do mar e tudo que percorre as veredas dos mares.” Deus não deu domínio apenas sobre os animais, mas sobre toda a terra e a criação. O homem é chamado de “a coroa da criação”, não apenas por ter sido criado por último, mas porque foi feito à imagem e semelhança de Deus, coroado com glória e honra.
A oração é necessária devido à legalidade. Deus entregou toda a criação ao homem para que ele governasse, mas o Senhor não age sem a permissão formal do ser humano. É uma questão de jurisdição: ao criar o homem, Deus lhe concedeu autoridade sobre a terra e a criação. Para que Deus possa agir, Ele não viola a autoridade que concedeu ao homem; o homem precisa solicitar a intervenção divina.
O Salmo 115:16 resume essa ideia dizendo: “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra Ele deu aos filhos dos homens.” Por isso, Jesus nos ensina a orar: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” Nos céus, a vontade de Deus é realizada sem restrições, mas para que isso aconteça na terra, é necessário que oramos. Esta é a razão pela qual a vontade de Deus não se cumpre sem oração, e também pela qual orações fora da vontade de Deus não atraem Sua intervenção. A combinação de oração dentro da vontade de Deus é uma “química explosiva”.
É importante entender que a autoridade dada por Deus ao homem continua válida. Recentemente, alguém me perguntou: “Pastor, se o que o senhor está dizendo é verdade, que o homem tem autoridade sobre a terra e Deus não quer agir sem a nossa solicitação, como fica o versículo que diz que a terra e tudo que nela há pertencem ao Senhor?” A resposta é que Deus não transferiu a posse da terra, mas a autoridade de governá-la, e essa autoridade foi dada ao homem por um tempo determinado. Mesmo que tudo pertença a Deus, enquanto o “arrendamento” da terra não terminar, a autoridade permanece com o homem.
Outra dúvida que surgiu foi sobre o diabo: “Se o homem tem autoridade, como o diabo age na terra?” O diabo age porque, diferente de Deus, ele recebeu permissão para agir. Para entender isso, basta observar a tentação de Jesus no deserto, relatada em Lucas 4:5-6, onde o diabo mostra a Jesus todos os reinos e glórias do mundo e diz: “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares. Porque me foi entregue, e eu dou a quem eu quiser.” Jesus não questiona a veracidade das palavras do diabo, nem o poder que ele afirma ter. Em vez disso, Jesus responde: “Está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás.”
Isso mostra que, mesmo que o diabo tenha autoridade temporária para oferecer os reinos do mundo, ele não os detém permanentemente. Deus não entregou a autoridade ao diabo; Ele a deu ao homem. Contudo, quando o homem peca, ele perde essa autoridade e a entrega ao diabo. 2 Pedro 2:19 diz que quem é vencido por algo se torna escravo daquele que o venceu. Ao pecar, o homem perdeu a autoridade que Deus lhe confiou, transferindo-a ao diabo, embora Jesus tenha vindo para redimir essa situação e restaurar a autoridade do homem.
A redenção de Jesus não se limita aos seres humanos, mas abrange toda a criação, pois o pecado afetou tudo. Mesmo com a vinda de Jesus para restaurar a autoridade, a condição do homem volta a ser semelhante ao que era antes da queda: ele tem autoridade, mas precisa reivindicar a intervenção divina para que o céu atue dentro da jurisdição humana. Isso não limita o poder de Deus, mas demonstra como Ele respeita a autoridade que deu ao homem.
Deus, por razões que são exclusivamente d’Ele, escolheu que as coisas funcionassem dessa maneira e revelou em Sua palavra que este é o formato estabelecido. Então, volto àquela pergunta inicial que muitos me fazem: “E a soberania de Deus, onde fica?” A resposta é simples: ela permanece com Ele. Ele continua sendo soberano, pois foi Ele quem decidiu assim, não fomos nós que O convencemos nem que O iludimos para participar do processo. Ele, o Criador e Senhor de tudo, escolheu e revelou isso em Sua palavra, ponto final.
A verdadeira questão é o que nós, você e eu, vamos fazer com a autoridade que nos foi dada, com o poder que nos foi confiado. A Bíblia diz que muitos não recebem o que pedem, pois não pedem. Os céus não se moverão em favor daqueles que não buscam a intervenção divina.