O Lago de fogo

Paulo, em Romanos 1:16, afirma que não se envergonha do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todos os que creem, primeiro para os judeus e também para os gentios. Ele nos mostra que a salvação vem de Deus, não de doutrinas humanas. A mensagem do evangelho é poderosa para transformar e salvar, colocando-nos diante de duas condições: ou estamos salvos em Cristo, ou estamos perdidos, afastados de Deus.

A jornada de salvação que Paulo apresenta na carta aos Romanos pode ser entendida em quatro paradas principais:

  1. Todos são pecadores (Romanos 3:23): Todos pecaram e estão separados da glória de Deus. É importante reconhecer a nossa natureza pecaminosa e a necessidade de redenção.
  2. O salário do pecado é a morte (Romanos 6:23): O pecado traz morte, tanto física quanto espiritual. Mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por meio de Cristo.
  3. O amor de Deus por nós (Romanos 5:8): Mesmo enquanto ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. Esse sacrifício substitutivo demonstra o amor incondicional de Deus.
  4. Confissão e fé (Romanos 10:9): A salvação vem pela fé em Cristo e pela confissão de que Ele é Senhor. Se cremos que Deus o ressuscitou dos mortos, seremos salvos.

Essas verdades fundamentais mostram que a salvação é um dom gratuito de Deus, acessível a todos que creem e confessam Jesus como Senhor.

Apocalipse 20:11-15 Fala assim: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.”
Estamos lendo o livro do Apocalipse, e de vez em quando ouço alguns crentes comentarem algo como: “Pastor, tenho um pouco de medo de ler o Apocalipse”. Quando pergunto o porquê, respondem que é porque o livro contém muitos juízos e coisas ruins. Mas o Apocalipse não é apenas sobre coisas negativas. Ele trata do desfecho de toda a obra redentora e da relação de Deus com a humanidade, incluindo a recompensa tanto dos justos quanto dos injustos. Precisamos entender que a recompensa está ligada ao que Romanos 11 diz: Deus demonstra bondade para com aqueles que creem e severidade para com os que caíram. Deus é tanto bondoso quanto severo, e essas características se manifestarão conforme o comportamento de cada um. O nome que damos ao último livro da Bíblia, Apocalipse, vem do grego, onde significa “revelação”.
Na versão inglesa da Bíblia, o título do livro é “Revelation”, pois eles traduziram a palavra. O que devemos entender é que “Apocalipse” significa “revelação”. Logo no primeiro capítulo, no versículo 1, o apóstolo João introduz o livro dizendo: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer; e, enviando por meio do seu anjo, notificou ao seu servo João, que atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, relatando tudo o que viu”. No versículo 3, ele acrescenta: “Bem-aventurados aqueles que leem, ouvem as palavras desta profecia e guardam o que está escrito, pois o tempo está próximo”. A Bíblia fala sobre a bênção de ouvir, receber e guardar essa palavra. Não há nada de errado com o livro do Apocalipse; na verdade, precisamos reconhecer sua importância, especialmente ao considerarmos o desfecho de todas as coisas. No versículo 19, João ouve uma voz forte que lhe diz: “Escreve, pois, as coisas que viste, as que são e as que acontecerão depois dessas”. Muitos estudiosos acreditam que o Apocalipse pode ser dividido em três partes, conforme indicado por esse versículo: as coisas que João viu (o capítulo 1 começa com sua visão de Jesus Cristo), as coisas presentes e as que ainda acontecerão, conforme descrito nas visões que seguem ao longo do livro.
No capítulo 20, que acabamos de ler, essas revelações serão compartilhadas. João é instruído a escrever sobre o que ele viu, ou seja, o passado; as coisas que são, o presente; e as que ainda acontecerão, o futuro. As “coisas que são” estão descritas nos capítulos 2 e 3, onde João recebe instruções de Deus para enviar cartas às sete igrejas. Cada igreja recebe uma mensagem específica, de acordo com seu contexto e história, mas todas as cartas fazem parte de um único livro destinado a todos. Em cada uma, há um alerta final: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Isso mostra que, embora Deus estivesse falando diretamente a cada igreja, as advertências, promessas e consolos apresentados eram relevantes para todos. Assim, o capítulo 1 trata das coisas que João viu, e os capítulos 2 e 3 abordam o presente, retratando a realidade da igreja na época em que João escreveu, ainda que também possam ter implicações proféticas.
A partir do capítulo 4 de Apocalipse, o livro passa a tratar de eventos futuros. Embora no Novo Testamento o Apocalipse seja o único livro explicitamente classificado como profético, no Antigo Testamento existem vários livros reconhecidamente proféticos, com muitas profecias ainda por se cumprir. Quase um quarto da Bíblia contém profecias, demonstrando sua importância. Deus, que é onisciente e sabe de todas as coisas antecipadamente, não revelou o futuro por acaso; em Sua sabedoria, é crucial que compreendamos para onde as coisas estão caminhando.

João, o autor do Apocalipse, é profundamente impactado pela visão que tem no capítulo 1, verso 17. Ele descreve que, ao ver o Senhor Jesus, cuja face brilhava como o sol em sua plenitude (verso 16), caiu aos Seus pés como morto. João, além de ser um dos doze apóstolos, era conhecido como o “apóstolo amado”, que reclinou a cabeça no peito de Jesus durante a Última Ceia. No entanto, o Cristo que ele vê agora não é o mesmo que ele acompanhou por três anos na Terra. Este é o Cristo ressuscitado, glorificado. Filipenses 2 afirma que Jesus renunciou à Sua forma divina para assumir a natureza humana, mas, após a ressurreição, como diz Colossenses 2, a plenitude da divindade habita corporalmente em Cristo. O impacto dessa visão para João não é simplesmente o reencontro com um amigo antigo, mas um confronto com o Cristo glorificado, o que o faz cair como morto aos Seus pés.
Eu imagino o impacto dessa visão, mas também penso no impacto da visão descrita no capítulo 20 de Apocalipse, onde João vê o próprio Deus, o Criador e Sustentador de todas as coisas, sentado no trono. A visão deve ter sido aterrorizante, pois o texto do verso 11 diz que a terra e o céu fugiram da Sua presença e não havia lugar para eles. Tentar imaginar João descrevendo isso — o céu e a terra fugindo, incapazes de permanecer diante Dele — é algo impressionante. Ele está sentado em um trono, o que pressupõe um julgamento, pois o trono não era um lugar de lazer ou descanso, mas reservado para audiências públicas e decisões judiciais.

É por isso que chamamos esse episódio de “Julgamento do Trono Branco”, pois claramente o que está acontecendo é um julgamento. Os detalhes da visão de João, mesmo sendo apresentados de forma resumida, tocam em doutrinas centrais da fé cristã e bíblica. João vê Deus, não apenas como Criador e Sustentador, mas também como o Salvador e Redentor de toda a humanidade. Ele percebe que diante do trono estão as almas de todos os que já morreram. A mensagem bíblica é clara ao afirmar que a vida não se limita ao que experimentamos aqui na terra. A morte, segundo a Bíblia, não é o fim da existência, mas o fim da continuidade nesse formato físico.
No livro de Hebreus, ao tratar dos princípios básicos da doutrina de Cristo, são destacados seis elementos fundamentais. Ele menciona o arrependimento, a fé em Deus, a imposição de mãos, e conforme avança, menciona também a ressurreição dos mortos e o juízo eterno. Desde os tempos do Antigo Testamento, e com ainda mais clareza e ênfase no Novo Testamento, a mensagem amplamente proclamada é que haverá ressurreição dos mortos, seguida de retribuição, juízo e recompensa. Cada pessoa será julgada de acordo com suas obras.

Diante desse cenário, João observa que livros são abertos, representando o registro da vida de cada pessoa, que será usada para o julgamento. A Bíblia fala daqueles cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida, que serão lançados no lago de fogo, também chamado de “segunda morte”, o que corresponde ao conceito de inferno. Esses temas são centrais na Bíblia, e, apesar de não serem novos, têm sido frequentemente distorcidos por alguns pregadores que tentam adaptar a mensagem do Evangelho ao que preferem ou ao que as pessoas querem ouvir. Um exemplo disso é o crescimento do universalismo, a ideia de que no fim todos serão salvos e que não haverá condenação. No entanto, a Bíblia se opõe claramente a essa visão, mostrando que aqueles cujos nomes não estão no Livro da Vida enfrentarão a condenação eterna.
Por que pregamos sobre salvação? A salvação só faz sentido se houver perdição. Se não há perdição, então a mensagem de salvação se torna irrelevante. Muitos pregadores liberais de hoje dizem: “Eu acredito em Jesus, mas não acredito no inferno.” A minha reação é: “Como assim?” Quem mais falou sobre o inferno na Bíblia foi Jesus. Como alguém pode crer em Jesus e não acreditar no inferno? Se algo que Ele disse não é verdadeiro ou confiável, então devemos questionar o restante. Não é possível ser seletivo em relação ao que Jesus ensinou—é tudo ou nada. Ou você aceita o pacote completo, ou não adianta tentar escolher partes específicas enquanto ignora o resto.

João, no Apocalipse, está assistindo ao desfecho de todas as coisas. Aqui vemos vários aspectos doutrinários combinados, mas quero focar na abertura dos livros mencionados no texto. Um dia me perguntaram: “Pastor, você acredita que esses livros no céu são literais?” Quando éramos crianças, essa pergunta nem passava pela nossa cabeça, pois só conhecíamos o formato tradicional de livro. Mesmo na época de João, os livros eram diferentes, já que usavam rolos de papiro ou couro em vez de livros impressos como conhecemos hoje. Se os livros da época de João fossem como os nossos, seriam lidos de maneira diferente—lá no Oriente, por exemplo, leem-se de trás para frente. Quando criança, eu simplesmente imaginava um livro como o que usamos, sem questionar. Mas, com a era dos registros eletrônicos, as pessoas começaram a perguntar se esses livros poderiam ser de outra forma, já que aqui na Terra evoluímos além dos livros de papel.
Será que o registro no céu é obsoleto, considerando que o céu é uma dimensão espiritual, diferente do nosso mundo físico e palpável? Acho que é válido questionar. Será que esses livros são exatamente como imaginamos, ou será que é uma maneira de comunicar que haverá um registro? Talvez nos surpreendamos com uma tecnologia avançada, algo como gravações em 3D, capturando tudo de todos os ângulos. O importante, no entanto, é que existem registros, e seremos julgados de acordo com eles. O foco não deve estar na literalidade dos livros, mas sim no fato de que haverá um livro especial, o “livro da vida”, que será aberto entre outros.

Quando analisamos as Escrituras, percebemos que o livro da vida não é mencionado apenas no Apocalipse, embora João tenha abordado o tema com mais frequência. No Antigo Testamento, há referências a esse livro. Jesus, Paulo e o autor de Hebreus também falaram sobre ele. A quantidade de textos a respeito justifica que sistematizemos o assunto. Deus mencionou o livro da vida repetidamente para deixar claro que Ele quer que entendamos sua importância.

Isso me faz pensar na expectativa e ansiedade que muitos terão naquele momento de julgamento. O livro será aberto, e quem não tiver o nome inscrito será enviado ao fogo do inferno. Lembro-me de quando era criança e, no fim do ano letivo, colocavam as listas de aprovados e reprovados no mural da escola, já que não havia internet naquela época. Alguns alunos iam conferir a lista tremendo, sem saber o resultado, enquanto outros, confiantes, já tinham uma ideia de seu destino baseado no desempenho ao longo do ano. No julgamento final, talvez também haja quem já saiba sua condição, mas haverá muitos que estarão na dúvida, esperando o veredito.
Eu já passei por essa experiência. Lembro de quando as listas de vestibular eram fixadas, e não havia outra forma de consultar o resultado. A ansiedade era enorme: “Passei ou não passei?”. Descobrir se você perdeu o ano letivo ou se foi aprovado num curso para o qual se preparou já traz uma grande tensão. No entanto, uma coisa é saber se você conseguiu uma vaga, outra completamente diferente é estar diante da verificação de algo muito mais sério: vida eterna ou perdição eterna. Não há como subestimar a importância dessa questão.

O primeiro ponto que precisamos destacar é que ter o nome no livro da vida é um requisito para entrar no céu. O texto bíblico diz claramente que “todo aquele que não foi achado escrito” — a palavra usada aqui significa escrever, registrar — no livro da vida será lançado no Lago de Fogo. Em Apocalipse 21:27, falando da Nova Jerusalém após o julgamento final, a Bíblia afirma que nada impuro entrará nela, apenas os inscritos no livro da vida do Cordeiro.

Portanto, é inquestionável que ter o nome registrado nesse livro é indispensável para entrar nos céus. Da mesma forma, quem não tiver o nome escrito estará destinado à perdição. Não podemos tratar esse assunto como algo irrelevante. Além disso, não é apenas saber que existe um livro e que ele determina nosso destino eterno, mas também é possível saber antecipadamente se o nosso nome está lá.

Assim como alguns alunos já tinham certeza de sua aprovação ou reprovação antes de ver a lista oficial na escola, nós também podemos saber se o nosso nome está inscrito no livro da vida. Existem textos bíblicos que sustentam essa certeza, e é importante conhecê-los para ter essa confiança.
Em Lucas, no capítulo 10, versículos 17 a 20, encontramos as palavras do Senhor Jesus, onde ele envia não apenas os 12 discípulos, mas também um grupo de 70 que o auxilia em seu ministério. Lucas, sendo o que fornece mais detalhes, relata que eles foram enviados para pregar o evangelho, curar enfermos e expulsar demônios. Quando voltam, cheios de alegria, relatam que até os demônios se submetem a eles em nome de Jesus. É interessante imaginar a empolgação deles; recordo minha própria experiência aos 15 anos, quando tive meu primeiro contato com a libertação, participando de evangelismo de rua. Aquela vivência me marcou profundamente, especialmente ao ver a autoridade do nome de Jesus em ação, mesmo em situações onde pessoas fortes não conseguiam conter alguém possuído.

Filipenses 2 menciona que Deus exaltou Jesus e lhe deu um nome acima de todos os nomes, diante do qual todos se curvarão. A autoridade do nome de Jesus é realmente impressionante. Quando ele nos envia para expulsar demônios em seu nome, nos concede uma procuração, como se dissesse que iríamos representá-lo. Portanto, quando ordenamos a um demônio que saia de alguém, é como se fosse o próprio Jesus falando, e ele deve obedecer. Imagino a animação dos discípulos ao relatar suas experiências e confrontos com os demônios. Jesus, então, diz que viu Satanás caindo do céu como um relâmpago e afirma que lhes deu autoridade para pisar sobre cobras e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, assegurando que nada lhes fará dano.

Jesus também destaca que, embora essa empolgação seja válida, o motivo maior para se alegrar não é porque os demônios se submetem a eles, mas sim porque os nomes deles estão registrados no céu. O que Jesus comunica aqui é extraordinário. Ele não diz que não devem se alegrar pela submissão dos demônios, mas enfatiza que a razão de alegria mais significativa é a certeza de que seus nomes estão no livro da vida. Muitas vezes, nos perdemos vivendo de forma circunstancial, dependendo da situação do momento. Não devemos basear nossa alegria em circunstâncias temporais, mas na certeza da redenção interna que temos.

Por isso, Paulo em Romanos 8:18 diz que as aflições atuais não se comparam à glória que será revelada. Jesus convida a celebração, mas antes disso, lembra que a verdadeira alegria vem do fato de que seus nomes estão registrados nos céus. No dia da triagem, receberemos confirmação de que pertencemos ao grupo dos fiéis. Paulo, na sua carta aos Filipenses, no capítulo 4, versículo 3, menciona alguns colaboradores e assegura que os nomes deles estão no livro da vida. Isso demonstra que, mais importante do que ser reconhecido por nome, é saber que todos os colaboradores têm seus nomes nesse livro.

Essa mensagem é amplamente divulgada, enfatizando não apenas a existência do livro, mas também que podemos saber antecipadamente se nossos nomes estão lá. A carta aos Hebreus é escrita com um objetivo claro de provar a superioridade do sacerdócio de Cristo.
A Nova Aliança é superior ao sacerdócio levítico da antiga aliança, mostrando que Cristo, o promotor da graça, está acima de Moisés, que trouxe a lei. No capítulo 3, a Bíblia afirma que Moisés foi fiel como servo na casa de Deus, enquanto Cristo é o Filho. Esse contraste é enfatizado ao longo do texto. No capítulo 12, versículos 18 a 21, é mencionado que não chegamos ao Monte Sinai, descrevendo a manifestação de Deus naquele local, onde a geração que saiu do Egito recebeu a lei. No versículo 22, em uma comparação, diz que, ao contrário, chegamos ao Monte Sião, que no Novo Testamento representa a igreja, a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, onde há milhares de anjos. Esse é um lugar de celebração, e a comunidade de Deus deve ter um caráter festivo.

Além disso, chegamos a Deus, o juiz de todos, aos espíritos dos justos aperfeiçoados, a Jesus, o mediador da Nova Aliança, e ao sangue da expiação que fala melhor do que o sangue de Abel. A lista de descrições ressalta que a experiência em Cristo é superior à antiga aliança da lei de Moisés. A expressão “igreja dos primogênitos arrolados nos céus” indica que nossos nomes estão registrados no livro da vida. A palavra “arrolados” sugere um registro ou uma lista.

Como podemos ter certeza de que nossos nomes estão registrados nesse livro? Primeiro, podemos saber através das declarações da Palavra de Deus. Em 1 João 5:13, o mesmo João que escreveu o Apocalipse afirma que escreveu para aqueles que creem no nome do Filho de Deus, para que saibam que têm a vida eterna. A versão mais antiga diz que eles sabem que têm a vida eterna, indicando que não se trata apenas de uma promessa futura. Paulo também menciona que o que Deus começou em nós será concluído. Portanto, cada um deve ter certeza de que já possui a vida eterna, pois algo foi iniciado por Deus.

Esse entendimento envolve o processo descrito na Bíblia, que começa com o arrependimento seguido da fé. A mensagem do Evangelho começa com a chamada ao arrependimento, como mencionado em Hebreus 6, onde se fala do arrependimento de obras mortas antes da fé em Deus. O arrependimento é o reconhecimento de nossa condição de pecadores e nossa incapacidade de mudar essa situação. Isso gera um lamento não apenas pelo nosso destino eterno, mas pela separação que resulta do pecado. Para resolver essa situação, a fé é o meio de acessar a solução que Deus oferece, algo que não conseguimos alcançar por nossos próprios esforços. Portanto, ao afirmar que crêem no nome do Filho de Deus, essa compreensão é fundamental.
Ele está dizendo que, se você compreendeu o processo e está caminhando nas escrituras conforme a orientação de Deus, mesmo antes do julgamento final, onde o livro será aberto, você pode ter certeza da sua aprovação. É como aqueles amigos da escola que iam até o mural e diziam que já sabiam que tinham passado de ano. Alguns deles tinham consciência de que não faltaram às aulas suficientes para ser reprovados em nenhuma matéria e mantiveram um bom desempenho nas provas e trabalhos. Eles estão cientes do processo e não precisam se surpreender na hora da revelação sobre se foram aprovados ou não. Assim, quando nós analisamos as escrituras, percebemos que elas nos oferecem esse entendimento.

Recentemente, alguém comentou que isso é um entendimento meio generalizado, que serve para todos. Eu reconheci que é um entendimento amplo, mas que inclui cada um de nós. Essa pessoa disse que não é possível ter algo personalizado. Eu afirmei que é possível sim. O que é esse entendimento personalizado? Romanos 8:16 diz que o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Portanto, podemos saber, com base no testemunho das escrituras, que fundamentam toda a nossa fé, e também por meio do testemunho pessoal e interior do Espírito Santo, que somos salvos. Deus deseja que saibamos disso tanto pelas escrituras quanto pelo testemunho do Espírito Santo, pois Ele quer gerar em nós a certeza e uma resposta positiva em relação à salvação que opera em nossas vidas.

O que precisamos entender é que a mesma Bíblia que nos apresenta a ideia de um livro, que contém os nomes necessários para entrar nos céus, nos mostra que podemos ter essa confirmação antes de chegarmos lá. O testemunho do Espírito Santo é algo extraordinário. Lembro-me de que, aos 15 anos, alguém me perguntou se eu tinha certeza da minha salvação. Eu respondi que sim. A pessoa então perguntou: “Se você morresse agora, iria para o céu?” E eu disse que sim. A pessoa dramatizou e falou sobre um caminhão que passava e poderia me atropelar. Eu respondi que, no momento, se algo assim acontecesse, iria para o céu. Ele continuou: “Como você sabe disso? Jesus já te apareceu pessoalmente, dando um sinal de que você está salvo?” Eu respondi que não. Ele perguntou se eu já tinha visto uma cópia autenticada do livro da vida ou algo assim, e eu também disse que não. Ele então questionou se eu pelo menos já tinha visto o céu, e eu respondi que nunca. A pessoa insistiu: “Então, como você sabe que é salvo?”
A minha resposta, na época em que tinha 15 anos, foi: “Eu sei porque sei, porque sei.” Hoje, se eu voltasse lá, diria que não sei exatamente como sei, mas sei que sei. Era uma certeza muito clara para mim, mesmo sem entender completamente. Ele me fez essa pergunta porque queria me ensinar sobre a orientação do Espírito Santo. Ele queria me apresentar, por meio da Bíblia, a fonte dessa convicção. Aprendi que essa certeza não vem de uma bênção específica, mas de um entendimento profundo. Romanos 8:16 diz que o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Essa certeza que sentimos dentro de nós, mesmo sem saber exatamente como, chamamos de testemunho interior, pois o Espírito testemunha com o nosso espírito.

Ele explicou que, se Deus decidiu nos falar sobre certeza e salvação, não através de uma visão ou uma voz, mas pelo testemunho interior, isso significa que o Espírito Santo pode nos guiar nesse mesmo processo em outras áreas. Descobri como é que eu sabia, e se você não tem certeza da sua salvação, isso é algo sério que precisa ser resolvido rapidamente, idealmente hoje. No entanto, ao olharmos para os ensinamentos bíblicos sobre o livro da vida, não podemos ignorar algumas informações que ajudam a formar uma visão completa sobre o assunto.

Em Apocalipse 3:4 e 5, temos palavras de Jesus dirigidas à igreja de Sardes, uma das sete igrejas da Ásia. Jesus menciona que há poucas pessoas em Sardes que não contaminaram suas vestes; esse grupo é pequeno em comparação com o tamanho da igreja. Ele ressalta que essas pessoas andaram com Ele, vestidas de branco, porque são dignas. O fato de serem poucas indica que a maioria havia se desviado do caminho correto da vida cristã. No entanto, existe um remanescente fiel que mantém sua dignidade e pureza.

Jesus encerra suas cartas às sete igrejas com a promessa ao vencedor. Ele diz que aqueles que se posicionarem com fidelidade, sem se desviar do processo, serão honrados. Eles andarão com Ele e, mais importante, Ele confessará seus nomes diante de Deus e de Seus anjos. Isso não é uma declaração nova; em Mateus 10:32 e 33, Jesus ensina que quem O confessar diante dos homens, Ele também confessará diante do Pai. Se alguém O negar, também será negado. Isso mostra que nossas decisões e comportamentos são refletidos no céu. O que eu pensava, e muitos ainda pensam, é que confessar Jesus é um momento único, geralmente associado a um chamado público. Mas essa confissão é contínua e se reflete no nosso estilo de vida. Portanto, o que Jesus promete, vestindo de branco e confessando os nomes, são recompensas para aqueles que permanecem fiéis. Ele garante que, se você for fiel, não apagará seu nome do livro da vida, que é um requisito para entrar no céu. Isso significa que seu nome já está escrito, e a fidelidade assegura que Ele não o apagará.
É possível que um nome entre no livro da vida, mas também é possível que, após ser escrito, ele seja removido. A ideia de “apagar” é interessante, pois muitas vezes a associamos a deletar um arquivo eletrônico. No entanto, quando Jesus menciona isso, devemos pensar no contexto da época. Quando eu era criança, costumávamos escrever com lápis em cadernos, pois, se cometêssemos um erro, podíamos apagá-lo com uma borracha. Depois, surgiram canetas que podiam ser apagadas, evitando rasuras. Mas, na época em que usávamos canetas comuns, se cometêssemos um erro, tínhamos algumas opções: ou rasurávamos, ou, com mais capricho, usávamos corretivos, como o famoso “Liquid Paper”. Esse corretivo era uma tinta branca de secagem rápida que cobria o que estava escrito, permitindo escrever por cima.

A palavra que Jesus usa, que significa “apagar” no original grego, tem a conotação de ungir ou limpar, como se estivesse espalhando algo para cobrir o que estava embaixo. Os registros eram feitos em papiro, e não se apagava simplesmente esfregando. A ideia de “apagar” implica em cobrir algo de forma que não possa mais ser reconhecido. Portanto, se o nome é “apagado”, na prática, isso significa que ele não estará mais visível no dia do juízo.

Uma pergunta que frequentemente me fazem é se eu acredito na perda de salvação. Eu respondo que apagar um nome não necessariamente significa perda de salvação. É preciso entender o que isso implica, pois ninguém entra no céu se o nome não estiver lá. Jesus promete que, se você for um vencedor, Ele não apagará seu nome. Isso pressupõe que aqueles que não forem vencedores podem ter seus nomes apagados, o que levanta questões sobre a recompensa. Se não há garantia de que o nome não será apagado, não há recompensas para aqueles que vivem de maneira descuidada, pois seria injusto que fossem tratados da mesma forma que os vencedores.

É importante destacar que não estamos questionando se o nome já foi escrito, mas sim o que acontece depois. Existem diferentes entendimentos teológicos sobre isso, e eu interajo com pessoas extraordinárias que têm perspectivas variadas. Gosto muito de uma frase usada pelos morávios que destaca a importância da comunhão e da liberdade entre essas diferenças.
John Wesley foi quem popularizou essa ideia, e às vezes se atribui a ele a sua origem, mas na verdade ela é dos morávios. Ele afirmava que, nas questões essenciais, devemos ter unidade. Não é possível ter um relacionamento com quem não compartilha crenças fundamentais. Se alguém defende uma salvação que não é baseada no sacrifício expiatório de Cristo, não é possível ter comunhão. Isso é uma orientação encontrada nas Escrituras; o apóstolo João escreveu que, se alguém vem até nós e não traz a doutrina de Cristo, não devemos saudá-lo ou recebê-lo em casa.

Entretanto, ele também falava sobre a necessidade de unidade nas questões essenciais e tolerância nas questões secundárias. Existe uma diversidade de pensamentos em detalhes que, muitas vezes, não comprometem a doutrina principal. Portanto, precisamos ter essa tolerância e, acima de tudo, amor em todas as situações.

Eu frequentemente me relaciono com pessoas que têm crenças diferentes e às vezes as convidamos para ministrar em nossa igreja. Em algumas questões secundárias, podemos ter opiniões divergentes. Muitas vezes, preferimos não discutir esses assuntos ou conversamos previamente para evitar polêmicas.

Nosso ministério muitas vezes alcança mais pessoas pela internet do que ao vivo, e isso me leva a evitar certos tópicos. Por respeito àqueles que pensam de forma diferente, percebo que nosso público está ouvindo discussões sobre questões secundárias que não são abordadas em nossa comunidade. Nos últimos anos, talvez tenha havido um aumento na ênfase em doutrinas e questões teológicas nas pregações. Muitas vezes, não há tempo ou maturidade suficiente no público para discutir esses temas em profundidade.

Paulo faz uma distinção, dizendo que o alimento sólido é para os adultos, enquanto o leite é para as crianças. Este tipo de reunião não permite uma exploração profunda da doutrina, mas algumas coisas precisam ser apresentadas, ainda que de forma gradual. O risco é que, às vezes, as pessoas que criticam podem não entender que não estamos debatendo assuntos complexos, mas apenas comentando sobre o que Jesus disse sobre o nome que poderia ser apagado. A verdade é que não se trata de um único versículo; no Antigo Testamento, encontramos pelo menos duas menções sobre isso.
No Salmo 69:28, encontramos a frase “sejam riscados do livro dos livros e não sejam incluídos na lista dos justos”. Isso é usado por aqueles que acreditam que um nome não pode ser apagado, mas o Salmo claramente menciona que as pessoas podem ser riscadas da lista dos livros, como se fosse uma certidão de óbito. O texto continua, afirmando que não devem ser incluídos na lista dos justos, referindo-se à justiça diante de Deus, não à vida física.

Esse não é um caso isolado. No Êxodo 32, após o povo adorar o bezerro de ouro, Moisés intercede por eles. Deus diz a Moisés que pretende acabar com aquele povo e fazer uma nação maior. Moisés, então, reconhece o grande pecado do povo e pede perdão, mas se não for perdoado, pede que Deus o risque do livro que escreveu. Após 40 dias de revelação no monte, Moisés compreendeu que Deus tem um livro, e, em uma demonstração de paixão, ele diz que prefere ser riscado do livro a ver o povo sem perdão.

Deus responde de forma clara, dizendo que riscaria do Seu livro todo aquele que pecar contra Ele. Aqui, Deus confirma que tem um livro onde os nomes podem ser riscados, mas Ele não irá riscar Moisés só porque ele tenta forçá-Lo a perdoar o povo.

É importante compreender que, embora se fale sobre Deus escrevendo e riscando nomes, isso não acontece de forma aleatória. Quando um pastor, durante um culto, conduzia alguém à oração de confissão, costumava terminar dizendo: “Escreve meu nome no livro da vida”, e a igreja comemorava, acreditando que aquele nome havia sido registrado. No entanto, a ideia de que os nomes são riscados e escritos repetidamente sugere uma visão de Deus que reage às nossas ações, o que não é correto.

Não podemos discutir a soteriologia, ou a doutrina da salvação, sem reconhecer os atributos de Deus, incluindo a sua onisciência e a pré-ciência. Ao falar sobre nomes riscados, isso entra em conflito com a perspectiva de outros grupos que têm visões diferentes. O Apocalipse 13:8 menciona que todos os que habitam na terra adorarão, exceto aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Esse texto não fala sobre nomes riscados, mas sim sobre aqueles que nunca foram escritos.
Algumas pessoas evitam discutir a parte sobre nomes riscados e focam apenas na questão de quem está escrito ou não, afirmando que essa distinção começou antes da fundação do mundo, o que implica que não tem relação com as escolhas individuais. Entre esses grupos, estão os chamados pré-deterministas, que acreditam que Deus pré-determinou todas as coisas de forma absoluta e inflexível. Eles defendem a ideia de predestinação. Recentemente, alguém me perguntou se eu acreditava em predestinação, e respondi que sim, pois o tema é bíblico. Não se pode afirmar que se crê na Bíblia sem aceitar a predestinação, mas a questão central é como se define esse conceito.

Para esses pré-deterministas, a predestinação significa que Deus escolheu um grupo de pessoas para a salvação (os eleitos) e outro para a condenação (os reprovados). Eles acreditam que tudo está decidido de acordo com a vontade de Deus e que o ser humano não tem escolha alguma, apenas assiste ao desenrolar dos eventos. Para eles, a soberania de Deus implica que Ele toma todas as decisões, sem permitir que o homem escolha.

Pessoalmente, não concordo com essa visão, pois considero que o livre arbítrio é um tema recorrente em toda a Escritura. Um exemplo disso pode ser encontrado em Deuteronômio 30:15-19, onde Deus coloca diante do povo a vida e a morte, a bênção e a maldição, dizendo: “Escolhe a vida”. Isso indica que o povo tem opções e que a escolha é deles, com a advertência de que a boa escolha leva à vida e à bênção, enquanto a má escolha leva à morte e à maldição. Deus oferece conselhos, mas deixa claro que a decisão final é individual.

Paulo, por sua vez, mencionou que pregava para persuadir as pessoas, o que implica a capacidade de mudar a opinião e levar alguém a tomar outra decisão. Se o evangelho não tivesse poder de persuasão, as pessoas não tomariam decisões. A ideia de que não temos responsabilidade no processo de escolha e que tudo já está determinado não parece se sustentar, principalmente ao considerar as Escrituras. Essa discussão sobre os nomes que não estão escritos no livro da vida do Cordeiro tem gerado muitos debates. Recentemente, alguém me perguntou se não seria possível que esse texto estivesse mal traduzido ou fora de contexto.
Eu mencionei Apocalipse 17:8, que se conecta com Apocalipse 13:8. O versículo diz que aqueles que habitam sobre a terra têm nomes que não foram escritos no livro da vida desde a fundação do mundo. Estou abordando esse assunto porque quero ajudá-lo a entender a perspectiva que estou desenvolvendo, como se estivéssemos montando um quebra-cabeça. Na versão que estou utilizando, a Nova Almeida, assim como outras traduções modernas, é apresentada a ideia de que os nomes “não foram escritos”. Quando digo isso, estou sugerindo que os nomes nunca estiveram lá, mas estamos considerando a possibilidade de que o nome tenha estado presente e depois riscado.

No original grego, a palavra usada se refere a “grafia” ou “registro”, indicando que não está presente. O texto não afirma que o nome nunca foi escrito, mas sim que o registro não está mais lá, o que significa que algo pode ter sido escrito e depois removido. A ausência do registro não é porque Deus não quis, mas eu não creio que Ele escreva os nomes no livro da vida no momento da conversão. Acredito, pessoalmente, que o nome de cada pessoa foi inserido no livro da vida antes de todas as coisas. Isso inclui todos os que já morreram, os que estão vivos e os que ainda vão nascer.

Em 1 Timóteo 2:4, está escrito que Deus deseja que todos se salvem. Se Deus tem algumas pessoas pré-determinadas para a perdição desde a eternidade, Ele não poderia afirmar que quer que “todos” se salvem. O texto sugere que Deus realmente deseja a salvação de todos, e essa ideia de “todos” é recorrente ao longo da Escritura. Grupos que acreditam na pré-determinação para salvação e condenação fazem malabarismos para reinterpretar essa palavra “todos”.

Recentemente, li o material de um pregador antigo e renomado, que tentava contorcer essa ideia de “todos”. Ele dizia que quando a Bíblia menciona “toda Jerusalém” saindo ao encontro de Jesus, não significa que era todo mundo, mas sim a maioria. Ele faz isso para justificar a crença de que Deus não deseja a salvação de todos. Minha pergunta é: quando a Bíblia afirma que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”, isso não é realmente “todos”? Esse grupo, então, decide quando “todos” é relevante e quando não é, dependendo da situação.

Acredito que essa abordagem é problemática, pois muitos leem a Bíblia com uma lente teológica que não permite questionamentos. Eles sentem que tudo deve se encaixar naquilo que lhes foi ensinado. Não consigo sustentar essa visão, porque ao estudar a doutrina da salvação, a Bíblia fala de predestinação e eleição. Para ser mais específico, em Romanos 8:29, lemos que “aqueles que Deus de antemão conheceu, ele também predestinou para serem conformes à imagem do seu Filho”, destacando a ideia de pré-determinação.

Em 1 Pedro 1:2, é dito que os eleitos são “segundo a presciência de Deus Pai”. As expressões “predestinado” e “eleito” são praticamente sinônimas. Isso significa que alguém foi predestinado e determinado por Deus, alguém foi escolhido. Nos textos, a palavra “conhecido” no grego se refere a um conhecimento prévio, a capacidade de prever. Assim, a predestinação está ligada à presciência de Deus.
O que entendemos é que Deus não negou ao homem o direito de escolha; na verdade, o homem recebeu de Deus essa capacidade, que chamamos de livre-arbítrio, e isso implica responsabilidade humana. Tomamos decisões ao longo da linha do tempo, que é cronológica. Deus, no entanto, não está preso a essa linha do tempo como nós; conhecemos o passado através de nossas experiências ou por meio de testemunhas, e temos acesso ao presente, mas ninguém sabe o que o futuro reserva. Às vezes, fazemos previsões sobre a economia, por exemplo, mas tudo isso se baseia em probabilidades, sem certeza do que realmente acontecerá.

Deus, por sua vez, é atemporal e está além do tempo; Ele é o criador do tempo e conhece todas as coisas, inclusive aquelas que ainda estão por vir. É por isso que as escrituras contêm um vasto conteúdo profético; muitas profecias sobre o futuro já se cumpriram de maneira precisa ao longo do tempo, porque temos um Deus que não apenas conhece tudo, mas também planeja com antecedência. Quando a Bíblia diz que Ele predestinou, isso se refere ao fato de que Deus conhece previamente nossas decisões. Isso significa que Ele não precisa esperar que façamos uma escolha para agir; Ele pode antecipar-se e atuar antes mesmo de nossas ações.

É importante compreender isso, pois significa que antes da fundação do mundo, a Bíblia menciona que Cristo foi o “Cordeiro morto antes da fundação do mundo”. Na linha do tempo, Ele morreu há cerca de dois mil anos, mas quando se diz “antes da fundação”, isso se refere ao conhecimento e planejamento de Deus, que não é surpreendido por nada.

Por exemplo, Paulo teve um encontro com Cristo, que lhe perguntou por que ele o perseguia. Naquele momento, Paulo estava longe de ser amigo de Cristo, mas ao testemunhar sua conversão em Gálatas, ele menciona que já havia sido separado desde o ventre da mãe. Os defensores da predestinação argumentam que Paulo se converteu por já ter sido separado. Contudo, acredito que Deus sabia que ele tomaria essa decisão e antecipou esse momento, dizendo que já tinha planos para ele.

Esse conceito de predestinação e eleição sugere que os nomes são escritos no livro da vida antes da fundação do mundo. Mesmo que esses nomes possam ser removidos com base nas escolhas das pessoas, essa remoção pode ocorrer antes da fundação do mundo. Quando a Bíblia fala de um nome que não está mais registrado, isso não anula a declaração de que o nome foi apagado.

Acredito que muitos textos bíblicos abordam experiências profundas com Cristo, sugerindo que há um compromisso de salvação que não pode ser desfeito, pois o processo não é concluído. Paulo menciona a possibilidade de “naufragar na fé”. Se a fé é o que nos salva e somos salvos pela graça por meio da fé, naufragar é não completar a jornada. Você pode começar essa viagem, mas se o navio afundar antes de chegar ao destino, isso significa que a jornada de fé não foi concluída, e você pereceu no caminho. Portanto, isso compromete a ideia de que o nome apagado não afeta o processo de salvação.
Alguns podem questionar o que estou pregando, mas não estou falando de certezas absolutas; estou afirmando que a obra que Deus começou em nós deve ser honrada. Jesus se refere a pessoas dignas que andam com Ele vestidas de branco. Paulo, em Filipenses 1:27, fala sobre viver de maneira digna do Evangelho de Cristo. Não estou discutindo boas obras ou merecimento, pois nenhum de nós pode vencer sozinho. Jesus disse em João 15:5: “Sem mim, nada podeis fazer.” A única maneira de encerrarmos essa história como vencedores é utilizando os recursos que Ele nos oferece. No entanto, Deus nos responsabilizará pelo uso ou não desses recursos.

A questão do nome estar registrado no livro da vida depende da nossa decisão. Disso vem as consequentes ações. O mais relevante não é apenas saber se o nome foi apagado ou quando isso ocorreu, mas sim entender o que pode levar a essa situação. Jesus não está dizendo que apagou seu nome, portanto você não é um vencedor. Ele afirma que, ao vencer, você garante que seu nome não seja apagado. Isso estabelece uma ordem quando discutimos o Evangelho e temas relacionados; faz sentido falar sobre a perseverança dos santos, um conceito bíblico, pois fomos chamados a viver pela fé, a crescer e a desenvolver nosso processo de salvação e santificação.

O que desejo que você compreenda claramente é que não apenas existe um livro da vida, mas que suas ações determinam se seu nome permanecerá lá. O nome não é arriscado apenas porque alguém não aceitou Jesus; a salvação foi provisionada por Deus para todos. Precisamos perceber que alguém que se desvia e não se reconcilia, permanecendo em rebeldia, pode comprometer seu processo de salvação. Jesus menciona aqueles que não se contaminam, e o livro do Apocalipse fala repetidamente sobre lavar as vestes no sangue do Cordeiro. Apocalipse 22:12 menciona que só entrarão na cidade aqueles que tiverem suas vestes lavadas. Se não houvesse a purificação, não teriam acesso.

Quando Ele fala de alguém que se contamina novamente, refere-se à pessoa que já estava limpa, mas se sujou outra vez. Todo o processo de limpeza na vida de uma pessoa pode ser desfeito se ela voltar a se sujar. Em 2 Pedro 2:20, a partir do verso 20, fala sobre aqueles que conheceram a verdade. Esses não são ignorantes; eles entendem o processo de Deus. O texto diz que, depois de escaparem das contaminações do mundo pelo conhecimento de Jesus, como podem voltar a se envolver com essas contaminações? Eles já passaram pelo banho, mas agora se deixaram enredar novamente.

O versículo continua afirmando que o estado final deles se torna pior que o primeiro. É melhor que nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, se afastarem do mandamento que lhes foi dado. Para se afastar do mandamento, é necessário primeiro ter se aproximado. O provérbio que diz que “o cão volta ao seu próprio vômito e a porca lavada volta a rolar na lama” ilustra isso bem: uma porca que foi lavada, mas decide voltar à lama. O texto mostra que há pessoas que passaram pela experiência da purificação, mas que, infelizmente, acabam retornando à sujeira.
Mas isso está comprometendo o que foi realizado. Não consigo imaginar, com a consciência tranquila, que um dia estarei diante de Deus prestando contas e lendo que, no capítulo 3, está escrito que os mestres receberão um juízo mais severo. Deus pode perguntar: “Por que você deixou aquele povo acreditar que podia sujar as vestes que Eu limpei sem nunca adverti-los?” Quando Ele alerta Sua igreja, estamos entendendo que a mensagem do livro da vida não é apenas sobre a certeza da salvação; é também sobre saber que o nome está registrado lá. Essa certeza vem do fato de que nos comportamos de acordo com o processo estabelecido.

Esse livro é uma confirmação de um Deus justo, que vai julgar aqueles que merecem ser julgados. Não podemos brincar com esse processo; senão, acabaremos como aqueles alunos que falharam. A mensagem do livro é clara, mas não é uma ilusão que nos permite viver como quisermos, brincar com o pecado e achar que tudo acabará bem. Essa ideia não tem base nas Escrituras e não se encaixa no verdadeiro evangelho.

Qual é o chamado? É à perseverança. Precisamos continuar colaborando com Deus e viver de maneira digna do Evangelho. Não podemos fazer isso sozinhos; devemos usar os recursos que Ele nos oferece. Mesmo que esses recursos não sejam nossos, a responsabilidade é nossa.

Quero que você entenda que precisamos parar e avaliar como estamos sendo conduzidos em relação a esse assunto sério do livro da vida. É importante refletir se estamos adequados ou não. Além de avaliar nossas vidas e orar, gostaria de abrir espaço para três grupos de pessoas.

O primeiro grupo é para aqueles que ainda não entregaram suas vidas a Jesus Cristo. Não quero que você saia daqui sem a oportunidade de tomar essa decisão, que é a mais importante da sua vida e da sua eternidade. Não adianta frequentar a igreja; a salvação vem através de um único mediador, que é Jesus, conforme 1 Timóteo 2:5. O apóstolo Pedro disse em Atos que não há outro nome pelo qual devemos ser salvos. Romanos 10 afirma que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Quando invocamos esse nome, é necessário ter entendimento de arrependimento e fé. A salvação é alcançada pelo reconhecimento do pecado, pelo arrependimento e pela fé na provisão de Jesus. Quando clamamos pelo Seu nome, reconhecemos que não podemos nada sem Ele, e a obra da salvação se inicia.

Se você está aqui pela primeira vez ou já frequentou outras vezes, mas não tomou essa decisão de confessar Jesus diante dos homens para que Ele possa te reconhecer diante de Deus, essa é a hora. O segundo grupo é para aqueles que, um dia, tomaram essa decisão, mas ao longo do processo não mantiveram suas vestes brancas. Você pode ter se afastado ou caído, e sabe que precisa de reconciliação. A mensagem do Apocalipse é um chamado constante ao arrependimento e à restauração. Deus promete ao vencedor, mas isso também se aplica àqueles que caíram e precisam retomar o processo.

A Bíblia diz que, se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça. O problema está em quem peca e não quer sair dessa situação, quem não se arrepende e acredita que pode continuar ali. Mas sempre que há arrependimento, a restauração está disponível. Se você se afastou, não quero que você saia sem aproveitar a oportunidade de recomeçar que Deus está te dando.

A Bíblia nos diz para não endurecer o coração quando ouvimos a Sua voz. Deus está chamando no seu íntimo. Você pode não ter ouvido uma voz audível, mas tem consciência suficiente para saber que a mensagem de um homem não pode causar essa confusão interior que você sente agora, esse turbilhão de emoções e pensamentos. Você deve estar se perguntando: “Que loucura é essa?” Porque há algo dentro de você que parece estar gritando por atenção.
Você não pode deixar passar essa oportunidade, pois você tem o poder de resistir. A Bíblia nos alerta para não endurecer o coração, pois Deus está chamando você. Quero também incluir um terceiro grupo: talvez você pense que já se converteu e não se desviou, mas quando o assunto é a certeza da salvação, isso não está claro. Isso precisa ser resolvido. Como podemos fazer isso? É necessário um posicionamento de fé. Pode ser que você tenha seguido um ritual anteriormente sem a devida fé e entendimento, mas hoje o evangelho traz clareza. Se há algo dentro de você que diz que pode sair daqui com certeza, essa é uma oportunidade de reafirmar sua fé.

Neste convite, não faremos distinções entre os grupos. O que importa é que, na festa do céu, sempre há alegria quando um pecador se arrepende. Então, se você precisa resolver uma dessas questões, saiba que Deus está chamando você. Venha rapidamente à frente para orarmos juntos, seja entregando sua vida a Jesus pela primeira vez, se reconciliando ou reafirmando sua fé. Hoje é um dia de salvação e festa na casa de Deus.

Às vezes, pode haver resistência, e você pode não entender completamente o que está sentindo, mas não tente explicar; apenas responda ao chamado. Se algo dentro de você está insistindo para que você venha, confie que Deus tem um propósito nisso. O importante é caminhar com a certeza de que seu nome está escrito no livro da vida. O que queremos é crescer na fé que abraçamos e continuar nesse processo.

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