Hoje em dia, a palavra “processo” carrega uma conotação negativa. Nos noticiários diários, ouvimos constantemente frases como: “a polícia federal abriu um processo de investigação contra o empresário fulano de tal, …” ou “o ministério público está investigando o político fulano de tal para rastrear o destino do dinheiro público…”. É quase inevitável passar um dia sem ouvir ou ler a palavra “processo” nas manchetes. No contexto evangélico, essa palavra também se tornou parte do nosso vocabulário cotidiano. Quem nunca disse algo como: “Estou passando por um processo que só Jesus pode resolver!” ou ouviu alguém falar: “Fulano está passando por um processo muito difícil!”. Enquanto no campo jurídico “processo” refere-se a uma série de procedimentos investigativos sobre uma pessoa ou situação, no linguajar evangélico, a palavra tem o sentido de uma sequência de desafios adversos e dolorosos. Em suma, é um termo que tem sido bastante desgastado.
No entanto, para o estudo da nossa Lição, o termo “processo” não está relacionado a investigações nem a uma sequência de situações adversas. Também é importante esclarecer que, no contexto da salvação, “processo” não se refere a uma série complicada de ritos ou passos místicos (1). Não se trata de etapas que devemos seguir uma a uma para sermos considerados salvos, pois “pela graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus, não das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8). Aqui, usamos a palavra “processo” para descrever uma série de ações espirituais simultâneas realizadas por Deus na vida daqueles que creem em Cristo Jesus. A “tão grande salvação” (Hb 2.3) abrange várias mudanças positivas no espírito, na alma e no corpo, além de transformar o relacionamento do ser humano com Deus, expressas em termos bíblicos como JUSTIFICAÇÃO, REGENERAÇÃO e SANTIFICAÇÃO, que são o foco do estudo. Como Antônio Gilberto explica, a salvação “não é apenas o livramento da condenação eterna; ela inclui todos os atos e processos redentores e transformadores de Deus para com a humanidade e o mundo (isto é, a criação), através de Jesus Cristo, tanto nesta vida quanto na próxima” (2). O processo de salvação pode ser resumido na seguinte ideia: “fomos salvos, estamos sendo salvos e seremos salvos”.
O que é justificação?
Justificação vai além do simples perdão. É algo muito mais profundo! Como Pai amoroso, Deus nos perdoa, mas como Juiz justo, Ele nos justifica. Os teólogos wesleyanos Orton Wiley e Paul Culbertson definem justificação da seguinte maneira: “A justificação é o ato judicial ou declarativo de Deus, pelo qual Ele considera aqueles que, pela fé, aceitam a oferta de Cristo como absolvidos dos seus pecados, livres da penalidade e aceitos como justos perante Ele” (3). A Declaração de Fé das Assembleias de Deus também oferece uma definição clara: “Justificação é o ato da graça de Deus, o Supremo Juiz, pelo qual a justiça de Cristo é imputada a todos que creem em Jesus, declarando-os justos” (4). Dessa forma, vemos dois aspectos essenciais da Justificação: DECLARAR e IMPUTAR. Primeiro, Deus imputa a justiça de Cristo sobre nós, e, com base nessa justiça, Ele nos declara justos, cancelando nossa dívida e aceitando-nos em Sua presença.
– DECLARADOS JUSTOS, AINDA QUE PECADORES
Walter Brunelli nos lembra que “Justificar significa ‘declarar justo’, e não ‘tornar justo’. Tornar-se justo é um processo gradual, que pertence à santificação” (5). Isso é importante entender, pois quando Deus nos declara justificados em Seu tribunal supremo, isso não significa que Ele nos torna moralmente perfeitos ou sem pecado, mas que Ele nos declara justos por causa da justiça de Cristo, manifestada na cruz, que foi imputada a nós, mesmo sendo pecadores. Em seu sermão sobre a Justificação pela Fé, John Wesley, no século XVIII, esclareceu a questão afirmando: “O que é ser justificado? O que é a justificação? É claro, pelas observações já feitas, que a justificação não consiste em tornar alguém realmente justo. Isso se refere à santificação, que, embora seja o fruto imediato da justificação, é um dom distinto e de natureza diferente. A justificação é o que Deus faz por nós através do Filho, enquanto a santificação é o que Deus faz em nós através do Espírito”. Embora, em alguns casos, o termo “justificação” possa incluir santificação, geralmente, os dois conceitos são distintos, tanto para Paulo quanto para outros escritores bíblicos.
O teólogo J. Rodman Williams esclarece o que ocorre na justificação do pecador: “O aspecto central da palavra ‘justificação’ (…) é seu caráter declaratório: não significa tornar alguém íntegro ou justo, mas declarar ou proclamar justo. Portanto, aquele que é justificado é declarado justo por Deus. Não é a justificação do íntegro, mas do pecador” (6). De fato, Paulo escreve aos romanos que Deus “justifica o ímpio” (Rm 4.5). Raimundo de Oliveira, ao analisar os termos originais no hebraico (hidsdik ou tsiddek) e no grego (dikaio), confirma essas definições: “esses termos, com exceção de alguns casos, não indicam uma mudança moral realizada por Deus no homem, mas geralmente expressam uma declaração divina sobre a pessoa. (…) Entende-se, então, que ‘justificar’ significa declarar, e não tornar justo” (7). Ou seja, não se trata de alguém que se torna moralmente justo para depois ser declarado justo, mas sim de alguém que, ainda carregando seus pecados, por causa de sua fé em Cristo, é declarado justo por Deus, já que “sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.5). A partir desse ponto, a pessoa é considerada justa e cresce em justiça, sendo aperfeiçoada continuamente, abandonando as práticas antigas e mundanas, enquanto se aproxima mais de Deus, até alcançar o estágio final da salvação, que é a glorificação. Como diz o Provérbio: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que brilha cada vez mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).
UMA OBRA MARAVILHOSA DA GRAÇA
A doutrina da justificação é tão essencial que Martinho Lutero a considerava o “pilar sobre o qual a igreja se mantém ou cai”. Segundo J. Rodman Williams, “em seu comentário sobre Gálatas 3.13, Lutero escreveu: ‘Como costumo advertir, a doutrina da justificação deve ser estudada com muita diligência. Pois nela estão contidas todas as demais doutrinas da nossa fé; e, se ela estiver firme, todas as outras também estarão” (8). Williams também destaca que a justificação foi a doutrina que mais profundamente dividiu o protestantismo do catolicismo romano na época da Reforma. Ao enfatizar a maravilhosa graça de Deus na nossa justificação, ele afirma: “não precisamos nos esforçar para alcançar algo que seja aceitável para Deus. Pelo contrário, Ele nos declara íntegros. Em Cristo somos íntegros – não nós, que somos sem pecado, mas nós, que somos pecadores; não aqueles que escalam os picos das montanhas da vida justa, mas nós que muitas vezes lutamos nas planícies, na sujeira e na lama da vida injusta” (9).
Que dádiva extraordinária é a justificação! Cristo se coloca entre nós e o Pai, e o Pai nos vê através de Cristo, enxergando a justiça do Seu Filho em nós. Por isso, não adianta, como o fariseu no templo, nos vangloriarmos diante de Deus, apresentando nossas obras para nos tornarmos melhores que os outros. Aqueles que agem assim acreditam estar justificados, mas estão condenados no tribunal de Deus! Porém, os que se aproximam humildemente de Cristo, batem no peito e clamam: “tem misericórdia de mim, ó Deus” (Lc 18.13), estes receberão, por meio de Cristo e pela fé, a justificação no tribunal celestial!
Algumas das bênçãos que resultam da justificação incluem:
- a redenção dos pecados e o perdão das nossas dívidas,
- a restauração do favor de Deus,
- a imputação da justiça de Cristo sobre nós,
- a libertação do poder do pecado,
- a paz com Deus (Rm 5.1),
- e a esperança de receber a herança nas promessas de Deus (Tt 3.7).
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:4-10)
Você saberia responder a essa pergunta? Ser salvo pode significar ser resgatado de uma situação de perigo, como um acidente, um afogamento, ou outro risco, com a ajuda de alguém que se torna seu salvador ou herói. No entanto, a salvação mais grandiosa que alguém pode experimentar é a da alma para a vida eterna, e essa só pode ser concedida por Jesus Cristo, através dos méritos de Sua morte sacrificial na cruz.
Vamos comparar a salvação com uma viagem que tem origem, caminho e destino:
De onde vem a Salvação?
O texto deixa claro que a salvação é gratuita, não custa nada, sendo fruto do amor e da misericórdia de Deus por nós (v.4). Está explícito que “isso não vem de obras… para que ninguém se glorie” (v.8,9), pois se dependesse das obras, seria uma conquista humana, sujeita à vontade e justiça dos homens. Mas, como é pela graça, só pode ser concedida por Deus.
Muitas pessoas e religiões tentam “comprar” sua própria salvação e se frustram, porque é impossível. Somente Jesus pode pagar o preço da salvação, pois não somos dignos dela. “Estando nós mortos em nossos delitos, Ele nos deu vida” (v.5).
Não há nada de bom que possamos fazer para que Deus nos ame mais, nem nada que deixemos de fazer para que Ele nos ame menos. Isso porque Deus é amor!
O caminho representa a direção que escolhemos seguir. Para alcançar um destino, é necessário seguir a direção correta. Quando partimos de um ponto para outro, precisamos escolher o caminho adequado. E qual é o caminho para a salvação?
O texto diz que é “pela fé”, ou seja, através da fé. Mas será que é qualquer tipo de fé, em qualquer crença ou deus? Não. Trata-se de uma fé específica, em uma pessoa única: Jesus Cristo, que afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14.6). Jesus não disse “um dos caminhos”, “uma das verdades” ou “uma das vidas”. Embora muitos acreditem que existem várias formas de chegar a Deus, diversas verdades ou que se pode passar por várias vidas até conhecê-Lo, Jesus foi claro ao dizer que Ele é o único caminho, a única verdade e a única vida.
Toda viagem tem um destino final. E qual é o destino de quem parte da origem, que é a graça, e segue pelo caminho da fé em Jesus Cristo?
O destino de quem busca a salvação pela graça e pela fé em Jesus é precisamente a salvação. A pessoa alcança o dom, o presente de Deus, que é a vida eterna.
Enquanto vivemos nesta terra, Jesus nos concede uma vida plena e abundante (João 10.10), mas o maior presente é a salvação da nossa alma. No entanto, o nosso destino não se resume a aspectos “abstratos”. O texto também nos orienta que fomos criados “para boas obras” (v.10). Embora a salvação não venha por meio das obras (origem), elas fazem parte do nosso destino. As boas obras devem ser uma expressão natural de nossa gratidão pela salvação que recebemos gratuitamente em Cristo. Se você foi salvo, seu propósito agora é viver praticando boas obras em resposta a essa graça.
O texto não afirma que seremos salvos no futuro, mas que já somos salvos agora, no presente. Embora possamos entender parte disso hoje, somente quando estivermos com Deus nos céus Ele nos revelará “nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco” (v.7).
A Bíblia traz à humanidade uma proposta de salvação. Se existe essa proposta, é porque a humanidade esta perdida.
Antes de compreender como a salvação é concedida a humanidade por Deus, é essencial entender do que o ser humano é salvo e de que forma ele se perdeu.
O ser humano é salvo por meio do evangelho de uma condição herdada do primeiro pai da humanidade. Foi Adão quem cometeu o pecado, e devido à sua transgressão, todos os homens pecaram (Rm 5:19).
Por causa da ofensa de Adão, todos os seres humanos tornaram-se pecadores, ou seja, estão separados de Deus, afastados da vida que existe Nele e destituídos de Sua glória.
Independentemente da posição social, religiosidade, moralidade, comportamento, nacionalidade ou cargo, todos os indivíduos gerados segundo a carne e o sangue de Adão são pecadores. Eles são pecadores devido à condição herdada de Adão, e não por causa das atitudes ou valores que escolheram.
A Bíblia compara a situação do pecador à condição de um escravo.
Na antiguidade, existiam homens considerados ‘livres’ e ‘escravos’. A distinção entre esses dois grupos não estava relacionada à constituição física, mental ou comportamental, mas sim a uma condição social.
Um homem livre poderia ser reduzido à servidão se não quitasse suas dívidas, se fosse um prisioneiro de guerra ou se nascesse de pais escravos.
Da mesma forma que os filhos de escravos também eram escravos, todos os seres humanos tornaram-se servos do pecado por serem descendentes de Adão. Ao se vender ao pecado, Adão tornou-se escravo deste, e todos os seus descendentes nascem em condições semelhantes às dele (Is 43:27).
A condição de ser pecador não é determinada pelas ações das pessoas, mas sim pela sua origem, que resulta em sua sujeição ao pecado.
Jesus deixou claro que todo aquele que peca é escravo do pecado, e é essa condição de escravidão que leva o homem a pecar. Ser pecador implica que todas as suas ações são consideradas pecaminosas.
O apóstolo Paulo afirma que todos os homens pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23). Essa doutrina anunciada por Paulo já havia sido proclamada pelos profetas, pois Davi reconheceu que foi gerado em iniquidade e concebido em pecado (Sl 51:5).
Davi evidenciou que todos os homens se desviaram e, em um mesmo momento, tornaram-se imundos (Sl 14:3). A queda de Adão foi um evento único que comprometeu toda a humanidade, resultando em que todos se tornaram abomináveis em suas ações: não há quem pratique o bem (Sl 14:1).
A condição humana é deplorável, uma vez que o melhor entre os homens se assemelha a um espinho, e o mais justo, a um arbusto espinhoso. Desde que Adão pecou e caiu, não há nenhum entre os filhos dos homens que seja justo (Mq 7:2 e Mq 7:4).
Desde o ventre materno, os seres humanos se desviam, pois seguem um caminho que os leva à perdição, devido à desobediência, ao julgamento e à condenação de Adão (Sl 58:3 e Sl 53:2-3).
Não importa a condição social, a religião, as boas ações, o comportamento, a moral, os sacrifícios ou os votos; a condição herdada de Adão tornou todos os homens pecadores, ou seja, servos do pecado. Eles pecam porque são pecadores e não praticam o bem porque são maus.
Por meio do evangelho, as pessoas são informadas de que Deus é generoso com todos que o buscam. Independentemente da condição social, moral ou comportamental, Deus demonstra sua generosidade para com todos (Rm 10:12).
O evangelho de Cristo alcança tanto Nicodemos, que era mestre, juiz e religioso, quanto a mulher samaritana, que teve cinco maridos e estava com um que não lhe pertencia.
Com a manifestação da fé, o homem reconhece sua condição de pecador, resultado da condenação que herdou de Adão, e percebe o quanto precisa de salvação (Gl 3:23; Rm 5:18).
Atualmente, muitas pessoas buscam as igrejas em busca de milagres, empregos ou casamentos. No entanto, a graça de Deus se revelou como um meio de salvação, ou seja, o evangelho é destinado unicamente a salvar os pecadores da condenação herdada de Adão.
Se o homem não aceitar Cristo como Senhor, seu destino será o inferno de fogo e enxofre, pois entrou por uma porta larga (Adão) que o leva por um caminho amplo que conduz à perdição (Mt 7:13).
Aquele que não aceitar a mensagem que oferece nova vida não poderá entrar no reino dos céus (Jo 3:3). Para ser salvo da condição que o leva a um tormento eterno, é suficiente que o homem ouça e creia.
A Bíblia revela que o evangelho foi inicialmente anunciado a Abraão, que creu na promessa, e isso lhe foi creditado como justiça (Gl 3:8). Da mesma forma, todos que creem na mensagem do evangelho serão justificados.
Para alcançar a salvação, basta acreditar na mensagem do evangelho, conforme afirmam as Escrituras (Jo 7:38).
Crer em Cristo não está relacionado a um sentimento de medo ou pavor do inferno; trata-se da mensagem proclamada, da fé que foi uma vez confiada aos santos (Jd 1:3).
O evangelho é o poder de Deus para todos os que creem. Por meio do evangelho, o homem recebe uma nova vida, pois Deus concede a quem crê um novo coração e um novo espírito (Is 57:15).
É importante notar que o evangelho de Cristo, a fé que foi revelada aos homens, é também referido como: poder de Deus, fé, esperança, promessa, entre outros. Preste atenção ao uso da palavra fé e crer no mesmo versículo:
“…sabemos que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, também temos crido em Jesus Cristo…” ( Gl 2:16 );
“Pois nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé” ( Rm 1:17 ).
Nestes versículos, o apóstolo Paulo se refere à fé em contraste com a lei, ou seja, ele menciona a mensagem do evangelho ao usar o termo ‘fé’. Em seguida, ele explica que, por meio da fé, os cristãos acreditam, revelando que a justiça de Deus é alcançada através da mensagem do evangelho (fé), quando o homem descansa nessa esperança.
A Salvação
Jesus afirmou que quem ouve sua palavra e crê em Deus tem a vida eterna, ou seja, não sofrerá condenação, pois passou da morte para a vida (Jo 5:24).
A condição do pecador é a morte, o que significa ser um escravo do pecado, destituído da glória de Deus, filho da desobediência e da ira. Aquele que crê deixa a condição de morte e adota a de vida. Quem crê em Cristo não é condenado, mas quem não crê já está condenado, permanecendo sob a condenação herdada de Adão e de todos os seus descendentes (Jo 3:18).
A condenação e a ira de Deus recairam sobre todos os homens devido à ofensa de Adão. Por causa dessa ofensa, todos pecaram e morreram, ou seja, foram separados daquele que é a vida. Qualquer um que crê em Cristo possui vida eterna e não será mais alvo da ira de Deus (Jo 3:36).
Todos aqueles que ouvirem a mensagem do evangelho e confessarem a Cristo, o sumo sacerdote da nossa confissão, acreditando que Ele foi ressuscitado dentre os mortos para a glória de Deus Pai, serão salvos (Rm 10:9-10).
Serão salvos de quê? Da situação financeira atual? De uma família problemática? Dos problemas socioeconômicos? Etc. Não! Jesus avisou que aqueles que n’Ele crêem serão salvos da condenação imposta em Adão, mas não seriam retirados do mundo e continuariam enfrentando aflições (Jo 16:33).
Qualquer um que acredite em um pseudo evangelho que promete que Deus mudará a condição social do homem, ou que haverá uma transformação financeira radical para aqueles que seguem a Cristo, não será salvo, nem da ira vindoura, nem das questões deste mundo, pois o evangelho de Deus, segundo as Escrituras, não é um programa social.
A Bíblia é clara: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10:13), mas a promessa de Deus fala da esperança futura, e não das coisas deste mundo.
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna, ou seja, o evangelho não veio para promover riquezas deste mundo (Jo 3:16). Por que é necessário que o homem creia em Cristo? Para a justificação de todo aquele que crê (Rm 10:4).
Qual era a preocupação do carcereiro que guardava Paulo e Silas? Um aumento de salário? Uma mudança em sua posição social? Comandar uma empresa? Ser um magistrado? Não! A pergunta dele é clara: “E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?” (At 16:30).
Quando o pecador crê em Cristo, ele está simultaneamente recebendo a Cristo. Crer e receber se referem ao mesmo acontecimento: “Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1:12).
Alguns afirmam que é necessário crer primeiro e depois receber, mas o apóstolo João mostra que crer é sinônimo de receber.
Que transformação será realizada por Deus na vida de quem crê?
Será filho de Deus – “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1:12; Gl 3:26).
Gerado de Novo – “Segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição dos mortos…” (1Pd 1:3).
Nova Criação – “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5:17).
Nova condição – “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus…” (Rm 8:1).
Nova Natureza – “Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo” (2Pe 1:4).
Assim como a morte (condenação) entrou por um homem, a salvação também é operada por um homem, pois assim como todos morrem em Adão, somente em Cristo serão vivificados (1Co 15:21–22).
A relação que o apóstolo Paulo estabelece entre Cristo e Adão demonstra que Adão é a porta larga pela qual a humanidade entrou e caminha para a perdição, enquanto Cristo é a porta estreita, por onde todos que entram são salvos.
Em Cristo e em Adão, encontramos o espiritual e o carnal. Aqueles que são nascidos de Adão são carnais, enquanto os que são nascidos do último Adão são espirituais. Primeiro veio o homem carnal, para depois existirem os homens espirituais (1Co 15:46).
Adão, o primeiro homem, por ser feito da terra, era terreno, criado por Deus como alma vivente (1Co 15:47). Já Cristo, o último Adão, é originário do céu.
Tanto Cristo quanto Adão transmitem suas imagens a seus descendentes: assim como os homens terrenos refletem a imagem de Adão, os homens espirituais refletem a imagem de Cristo, pois “assim como o terreno, assim também são os terrenos, e qual é o celestial, tais também os celestiais” (1Co 15:48).
Por meio do novo nascimento (regeneração), o homem gerado novamente torna-se participante da natureza divina (Jo 1:16; Cl 2:10). A nova condição da nova criatura se concretiza ainda neste mundo: “Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo” (1Jo 4:17).
Os cristãos, por serem gerados de uma semente incorruptível, que é a palavra de Deus, possuem uma viva esperança (1Pe 1:23; 1Pe 1:3). Eles são criados novamente na condição de dignos de participar da herança dos santos (Cl 1:12). Tornam-se herdeiros de Deus (Gl 4:7) e co-herdeiros com Cristo (Rm 8:17). São templos e moradas do Espírito (1Co 3:16), pois têm em si o penhor da herança (Ef 1:13).
Qualquer um que crê em Cristo é uma testemunha fiel, pois o fruto dos lábios que confessam a Cristo vem de Deus (Os 14:8; Hb 13:15).
É certo que Cristo realizou uma redenção eterna: “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9:12).
Além da salvação, os cristãos receberam todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais, pois estão assentados em Cristo (Ef 1:3). Tudo o que se refere à vida e à piedade foi concedido àqueles que creem em seu divino poder (evangelho) (2Pe 1:3; 1Co 1:18).
Além de serem salvos da condenação que Adão trouxe, não há outro destino para aqueles que são salvos pela fé em Cristo: são filhos de Deus, ou seja, predestinados à filiação por adoção, em uma condição que difere da dos salvos em outras dispensações.
As novas criaturas geradas conforme Deus em Cristo foram predestinadas a serem filhos. A predestinação não se aplica à velha criatura, mas refere-se ao destino da nova criatura. Como sabemos, aquele que está “em Cristo” é nova criatura, e foi “em amor” que a nova criatura foi predestinada a ser filho por adoção, já que somente por meio de Cristo muitos filhos são conduzidos à glória de Deus: “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação deles” (Hb 2:10).
A salvação de Deus ocorre por meio da fé em todas as dispensações, mas a filiação divina é especificamente concedida à Igreja de Cristo, pois toda a criação aguarda ansiosamente a revelação dos filhos de Deus: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:2; Rm 8:21).
Aqueles que creem em Cristo foram escolhidos para serem santos e irrepreensíveis, pois, “em Cristo”, foram criados em verdadeira justiça e santidade (Ef 4:24).
Antes da fundação do mundo, Deus elegeu os cristãos para serem santos e irrepreensíveis, sabendo que em Cristo seriam criados nessa condição. Aquele que fez dos cristãos uma herança em Cristo (Ef 1:11) também é quem operou a nova criação, concedendo poder aos que creem para que se tornassem filhos de Deus, santos e irrepreensíveis.
No entanto, o apóstolo Paulo acrescenta: “TAMBÉM vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão” (1Co 15:2).
O apóstolo busca relembrar aos cristãos o evangelho que foi anunciado, aquele que receberam e no qual permanecem. Os cristãos foram salvos porque creram na mensagem do evangelho, mas se não mantiverem o evangelho da maneira como foi anunciado, ou seja, se aceitarem um outro evangelho, terão crido em vão (1Co 15:2).
Aqueles que se afastam da verdade do evangelho enfrentarão as consequências de terem caído da graça, pois estão separados de Cristo: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5:4).
Quem está separado de Cristo permanece sob condenação, já que a salvação pertence apenas àqueles que conhecem a Deus, ou melhor, são conhecidos por Ele.
A salvação é um dos tópicos mais importantes nas Escrituras Sagradas e carrega um significado profundo na fé cristã. Neste estudo bíblico, vamos examinar o conceito de salvação na Bíblia de maneira abrangente e minuciosa. Vamos descobrir o propósito da salvação, como ela pode ser obtida e qual é o plano de Deus para nossa redenção. Também abordaremos a relevância da graça divina nesse processo e se a salvação é uma experiência individual. Prepare-se para uma enriquecedora jornada espiritual!
A salvação, conforme apresentada na Bíblia, é um ato divino de libertação e redenção. Esse processo abrange a restauração do relacionamento entre Deus e a humanidade, que foi rompido pelo pecado. Por meio da salvação, somos reconciliados com o Criador e recebemos a promessa da vida eterna.
O objetivo da salvação é revelar o amor, a misericórdia e a graça de Deus em relação a nós. Ele deseja nos libertar do domínio do pecado e da condenação, proporcionando a oportunidade de termos uma comunhão íntima com Ele. Além disso, a salvação nos habilita a viver conforme os propósitos divinos, glorificando o nome de Deus.
A Bíblia nos apresenta o propósito da salvação em vários versículos. Por exemplo, em Efésios 2:8-9, lemos: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.
Esses versículos enfatizam que a salvação é um dom gratuito de Deus, oferecido por meio da fé, e não algo que possamos obter por nossos próprios esforços.
Para compreendermos o processo da salvação, é necessário reconhecer a realidade do pecado em nossas vidas. A Bíblia declara que todos pecaram e estão afastados da glória de Deus (Romanos 3:23). Essa separação de Deus nos coloca em uma condição de desespero espiritual, incapazes de nos redimir por nossos próprios meios.
Entretanto, Deus, em Sua infinita sabedoria e amor, preparou um caminho de salvação para nós. Esse caminho é Jesus Cristo, Seu Filho unigênito. Em João 3:16, encontramos uma das passagens mais conhecidas da Bíblia, que afirma: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Jesus veio ao mundo para nos salvar e nos reconciliar com Deus.
O processo da salvação envolve aceitar Jesus como nosso Salvador pessoal. Reconhecemos nossa necessidade de salvação, arrependemo-nos de nossos pecados e depositamos nossa fé em Jesus Cristo. Romanos 10:9 nos informa: “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Essa fé transformadora em Jesus é a chave para nossa redenção.
O plano de salvação de Deus é revelado ao longo das Escrituras, abrangendo desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento. A progressão desse plano pode ser observada ao analisarmos a história bíblica.
No Antigo Testamento, Deus instituiu a Lei e os sacrifícios como um meio temporário para a redenção dos pecados do povo. Contudo, esses rituais não eram capazes de oferecer uma solução definitiva para a culpa e a separação espiritual. Eles prefiguravam a vinda do Messias, Jesus Cristo, que realizaria plenamente o plano de Deus para a salvação.
No Novo Testamento, testemunhamos a concretização desse plano de salvação em Jesus Cristo. Ele veio como o Cordeiro de Deus, o sacrifício perfeito e eterno pelos nossos pecados. Por meio de Sua morte e ressurreição, Jesus pagou o preço pelos nossos pecados e nos proporcionou a reconciliação com Deus.
Em Atos 4:12, está escrito: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Esse versículo ressalta que o plano de salvação de Deus é exclusivamente através de Jesus Cristo. Não existe outro caminho para a salvação, exceto por meio dEle.
Um aspecto essencial da salvação na Bíblia é a graça de Deus. A graça representa um favor imerecido, um presente divino que não conseguimos conquistar por nossos próprios esforços. Ela é crucial para nossa salvação, pois nenhum de nós é digno ou capaz de se salvar.
A graça de Deus é maravilhosamente evidenciada no sacrifício de Jesus na cruz. Ele entregou voluntariamente Sua vida como um resgate pelos nossos pecados, pagando a penalidade que merecíamos. Em Efésios 1:7, lemos: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.” Essa passagem é uma demonstração do amor insondável de Deus por nós, ao oferecer Seu Filho como sacrifício perfeito.
Nada do que possamos fazer ou realizar é suficiente para garantir nossa própria salvação. Somente pela graça de Deus somos perdoados e reconciliados com Ele. Romanos 3:24 nos diz: “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” Não existe mérito humano que se compare à infinita graça de Deus, que nos oferece a salvação como um presente imerecido.
Ao contemplarmos a cruz, somos confrontados com a profundidade do amor de Deus. Em João 15:13, Jesus afirma: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Jesus exemplificou o mais alto nível de amor ao entregar Sua vida para nos salvar. Foi a graça divina que possibilitou esse ato redentor, nos oferecendo a oportunidade de nos reconciliarmos com Deus.
Devemos sempre lembrar do sacrifício de Jesus na cruz e da abundante graça de Deus que nos concede salvação. Que nossas vidas sejam marcadas pela gratidão e pela busca em viver conforme a vontade de Deus. Além disso, que possamos compartilhar essa mensagem de graça com outros, para que também possam vivenciar a maravilhosa salvação encontrada em Jesus Cristo.
Embora a salvação seja um presente gratuito, é importante ressaltar que a fé é um elemento vital nesse processo. A fé consiste em confiar em Deus e em Suas promessas, crendo que Jesus é o único caminho para a salvação. Entretanto, mesmo a fé é um dom de Deus, concedido pela Sua graça (Efésios 2:8).
Embora a salvação seja um dom pessoal e individual, ela também exerce um efeito coletivo na comunidade de fé. Cada indivíduo precisa fazer uma escolha pessoal para aceitar a salvação em Jesus Cristo, mas essa escolha traz consequências mais abrangentes.
A salvação individual implica que cada pessoa é responsável por sua própria fé e relacionamento com Deus. Ninguém pode alcançar a salvação por meio da fé de outra pessoa; cada um deve buscar a salvação para si mesmo. Em João 1:12, está escrito: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome”. Isso demonstra que a salvação é obtida através da aceitação pessoal de Jesus Cristo.
No entanto, apesar de a salvação ser um caminho individual, ela também nos une como parte do corpo de Cristo. A comunidade de fé, a igreja, tem um papel essencial na nossa jornada espiritual. Por meio dela, podemos crescer na fé, ser encorajados, edificados e desafiados a viver segundo os princípios do Reino de Deus.
A salvação individual não implica isolamento espiritual, mas sim a inclusão em uma família espiritual. Romanos 12:5 afirma: “Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros”. Somos convocados a viver em comunhão com outros crentes, compartilhando nossa fé, encorajando-nos mutuamente e colaborando para cumprir a missão de Deus no mundo.
Portanto, embora a salvação seja um processo pessoal, ela também nos conecta como membros do corpo de Cristo. Somos chamados a amar e servir uns aos outros, apoiando-nos na jornada da fé.
Neste estudo bíblico, examinamos o significado e a relevância da salvação na Bíblia. Descobrimos que a salvação representa o plano de Deus para nos libertar do pecado e da condenação, restaurando nosso relacionamento com Ele. Ela é alcançada por meio da fé em Jesus Cristo, o único caminho para a salvação.
A salvação é um presente divino, oferecido pela Sua graça, e não pode ser conquistada por nossos próprios esforços. Reconhecemos nossa necessidade de salvação e depositamos nossa fé em Jesus, confiando em Seu sacrifício na cruz. Por meio da salvação, somos reconciliados com Deus e recebemos a promessa da vida eterna.
Embora a salvação seja uma jornada individual, ela também nos une como membros do corpo de Cristo. Somos convocados a viver em comunhão com outros crentes, compartilhando nossa fé e crescendo juntos em nossa vida espiritual.
Esperamos que este estudo bíblico tenha ampliado sua compreensão sobre a salvação e fortalecido sua fé. Que você vivencie a plenitude da salvação em Jesus Cristo e viva em gratidão por Sua graça abundante.